A Petrobrás completa, nesta segunda-feira (3), 69 anos de existência. Porém, trabalhadores que integram a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados não têm motivos para comemorar.
A maior empresa estatal do Brasil está encolhendo, se tornando, exclusivamente, produtora e exportadora de petróleo bruto, saindo do refino e demais atividades. E
Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção FUP), com base em números divulgados pela petroleira, mostra a velocidade do processo de privatização de unidades da empresa, especialmente no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Entre janeiro de 2019 e agosto de 2022, foram vendidos 63 ativos (67% do total até aqui), no valor de US$ 33,9 bilhões, incluindo subsidiárias estratégicas, como a BR Distribuidora, refinarias, campos de petróleo, terminais, gasodutos, termelétricas, usinas eólicas, entre outros.
De 2013 a agosto de 2022 (período de nove anos), a Petrobrás vendeu 94 ativos (80 no Brasil e 14 no exterior), totalizando US$ 59,8 bilhões.
Os anos de 2019, 2020 e 2021 apresentaram o maior número de unidades da Petrobrás vendidas.
Em outubro, mês do aniversário, quatro refinarias continuam na lista de privatização: Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco; Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais; Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; e Alberto Paqualini (Refap), no Rio Grande do Sul.
Até agora, somente a Refinaria Landulpho Alves (Rlam) na Bahia, atual Refinaria Mataripe, foi vendida. Porém, houve acordos assinados, mas sem conclusão da venda ainda, de outras três unidades: Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas, Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), no Ceará; e a Unidade de Industrialização do Xisto (Six), no Paraná.
“Com os desinvestimentos, a Petrobrás vai deixando de ser uma empresa integrada e perde capacidade econômico-financeira de resistir a sobressaltos do volátil mercado global de petróleo e gás natural. Sob o argumento de ‘aumento da concorrência’ e ‘queda dos preços’, a Petrobrás está vendendo ativos importantes, em áreas estratégicas, a preços de banana”, destacou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
Empresa também cortou investimentos em fontes renováveis
Ele ressaltou, ainda, que a Petrobrás chega a esta etapa cada vez mais “suja”, ao se desfazer de projetos eólicos e da Petrobrás Biocombustível (PBio), produtora de biodiesel. A venda desses projetos e o corte de investimentos em fontes renováveis vão na contramão das grandes petroleiras mundiais, que ampliam investimentos em energia limpa.
“Assim, vemos a Petrobrás atingir os 69 anos desmontada, investindo menos, deixando de lado as fontes renováveis e mantendo a política de preço de paridade de importação (PPI), que prejudica os brasileiros com alta de preços e inflação e garante grandes ganhos a seus acionistas, entre os quais boa parcela de estrangeiros”, acrescentou o dirigente da FUP.