Caso Borba Gato: Motorista do caminhão é solto pela Justiça

Thiago Vieira Zem fez o transporte dos pneus até a estátua; Juíza entendeu não haver grave ameaça ou violência no ato cometido pelo indiciado

Foto: Daniel Eduardo
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A Justiça concedeu liberdade provisória para Thiago Vieira Zem, de 35 anos, preso por suspeita de participar do incêndio da estátua do bandeirante Borba Gato, na zona sul de São Paulo. Ele deixou a carceragem do 101° DP, no Jardim das Imbuias, na tarde deste domingo (25), após recurso da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

A decisão é da juíza Eva Lobo Chaib Dias Jorge, que entendeu não haver grave ameaça ou violência no ato cometido pelo indiciado. Ele será monitorado pela justiça durante as investigações.

Thiago afirmou à Polícia Civil que trabalha com entregas e foi contratado para levar os pneus que posteriormente foram queimados junto ao monumento. Ele conta que recebeu uma ligação de um cliente não identificado, por volta das 11h30. Ele cobrou o valor de R$ 500 para fazer o transporte do extremo da Zona Leste até a Zona Sul.

O grupo adulterou com fita isolante a placa do veículo e o telefone que consta ao lado do baú para tentar dificultar a identificação.

Após carregarem os pneus, os três seguiram para a estátua de Borba Gato, em Santo Amaro. No caminho, eles revelaram ao motorista que estavam indo a um protesto. Após descarregarem o caminhão, Thiago saiu do local e retirou a fita isolante.

Fogo no Borba Gato

Um grupo composto por cerca de 20 manifestantes incendiou a estátua de Borba Gato que fica em Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo (SP), na tarde de sábado (24). O monumento, obra de Júlio Guerra inaugurada em 1963, já foi alvo de outros protestos no passado, como um banho de tinta em 2016.

O motivo é o fato de a estátua representar uma homenagem àquele que foi um bandeirante do século 18 que perseguia, assassinava e estuprava indígenas. Enquanto a estátua ardia em chamas, os manifestantes aplaudiam.

Estátua polêmica

A estátua em homenagem ao bandeirante Borba Gato, com mais de dez metros de altura, foi colocada na avenida do distrito de Santo Amaro em 1963. Obra do artista Júlio Guerra, o monumento vem despertando a fúria de parte da sociedade de alguns anos para cá por conta do papel dessas figuras históricas (os bandeirantes) nos genocídios cometidos contra os povos originários e os negros escravizados durante o período do Brasil Colônia (1500-1815).

Protestos parecidos têm ocorrido nas Américas, especialmente contra monumentos e estátuas que homenageiam colonizadores, figuras escravagistas e autoridades da época responsáveis por assassinatos em massa contra populações indígenas.

No Brasil, sobretudo em São Paulo, onde o imaginário popular e movimentos artísticos do início do século XX elevaram os bandeirantes ao status de heróis da ancestralidade local, a discussão sobre esse tipo de homenagem vem se estendendo há anos.

Cidades, rodovias, bairros, ruas, escolas, avenidas e praças são batizados com os nomes de figuras que foram responsáveis, nos segundo e terceiro séculos de colonização, por sanguinárias matanças contra etnias não brancas que estavam no Brasil, ainda sob domínio da Coroa Portuguesa.

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Com informações do Agora Notícias Brasil