Neste sábado (26), aqueles que fizeram história com a Passeata dos Cem Mil, em 26 de junho de 1968, voltam às ruas para marcar a data com um protesto contra o governo de Jair Bolsonaro e as políticas genocidas adotadas pelo Planalto diante da Covid-19.
O ato simbólico será realizado no Rio de Janeiro, na Cinelândia, às 10h, e em São Paulo, na histórica Maria Antonia, às 17h. Fortaleza, Goiânia, Brasília, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre também devem marchar. A mobilização é puxada por jornalistas, políticos, intelectuais e artistas daquela geração, entre eles José Dirceu, Amelinha Teles, José Trajano, Hildegard Angel e Cid Benjamin.
"Amanhã vamos pra Cinelândia com a geração de lutas de 68. Acabou Bozo, pede pra sair. O ato ganha outro significado a partir desta sessão da CPI, em que foi escancarada a corrupção do governo. Não será um sábado qualquer. Será a festa dos heróis de 68. Vamos derrubar o genocida", anunciou a jornalista Hildegard Angel em seu Twitter.
A Fórum entrevistou um dos líderes daquele movimento que marcou época, Vladimir Palmeira. Aos 76 anos, o ex-dirigente estava pronto pra marchar mais uma vez ao lado de companheiros históricos, quando soube que uma pessoa próxima estava com Covid-19. Isso fez com que decidisse ficar em casa para não expor ninguém ao risco.
Palmeira celebrou as mobilizações que tomaram as ruas nos dias 29 de maio e 19 de junho e destacou a importância do ato simbólico desse sábado. Uma nova convocação para um protesto de massas está marcada para 24 de julho.
"Esse ato mostra que a geração de 68 continua de esquerda. Foi uma geração que se renovou com o tempo, se adaptou e seguiu no lado da esquerda, diferente da geração de meu pai", afirmou o economista.
Para o ex-líder estudantil e constituinte, o presidente quer um golpe e é preciso resistir contra ele. Palmeira acredita que Bolsonaro está mais fraco no momento, com a classe média "horrorizada", mas não se pode esperar até as eleições de 2022. "Tem que reverter agora. Talvez não haja 2022, talvez haja golpe nas eleições de 2022", declarou.
A marcha acontece um dia depois de a CPI do Genocídio avançar sobre o escândalo da vacina Covaxin e mostrar a atuação do líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), na negociata.