Em assembleia realizada na tarde desta segunda-feira (15), trabalhadores da Progresso e Desenvolvimento de Guarulhos S/A (Proguaru), empresa que presta serviços de zeladoria em Guarulhos (SP), aprovaram a continuidade de uma greve deflagrada na parte da manhã por tempo indeterminado. A paralisação foi aprovada mais de 90% da categoria.
Desde de dezembro que os trabalhadores da ProGuaru, que é uma empresa de economia mista, se mobilizam contra o projeto do prefeito Guti (PSD), aprovado pela Câmara Municipal naquele mês, que extingue a empresa, o que deve provocar a demissão de cerca de 5 mil funcionários. A justificativa do governo municipal é que a companhia estaria apresentando prejuízos financeiros.
Após a aprovação, a vereadora Genilda Bernardes (PT) impetrou uma liminar que teve decisão favorável e a decisão foi barrada temporariamente pela Justiça. Depois, no entanto, a prefeitura conseguiu reverter a decisão.
Segundo um trabalhador da empresa que está na comissão de greve, a prefeitura não tem dialogado com os trabalhadores. Nesta segunda-feira (15), os funcionários realizaram uma carreata e um ato em frente à casa do prefeito. De acordo com esse mesmo trabalhador, a mobilização vem ganhando força e já tem contado com o apoio da população.
Apoios
Além do apoio da população, a mobilização dos trabalhadores contra a extinção da empresa vem sendo endossada por políticos de visibilidade nacional, como a deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP).
"Venho me comunicar com a população de Guarulhos e com os trabalhadores da empresa ProGuaru que estão sendo ameaçados de perderem seus empregos por inciativa da prefeitura (...). A intenção deve ser colocar esse serviço nas mãos do capital privado para que eles lucrem com o serviço essencial da cidade. Nessa empresa tem mais de 4 mil trabalhadores, e a maioria são mulheres (...) Esse problema vai colocar no olho na rua nada mais e nada menos que 4.700 trabalhadores, o que significa que são famílias que vão sofrer a falta de salário", diz a deputada.
"Coloco meu mandato à disposição para juntar as forças para que a gente evite tanta dificuldade, praticamente tragédia, de tantos trabalhadores e trabalhadoras e de tantas famílias. Vamos conversar com as autoridades e quem sabe a gente encontre uma saída. Minha solidariedade aos trabalhadores", completou a psolista.
O deputado federal Alencar Santana (PT-SP), que é de Guarulhos, também manifestou apoio aos trabalhadores. "Prefeito Guti, de maneira traiçoeira, passado a eleição, traiu o que disse na campanha e aprovou a extinção da empresa. Um absurdo, um crime, ainda mais no momento que a gente vive (...) Os trabalhadores vão entrar em greve lutando contra a extinção da empresa. Quero manifestar meu apoio. Não podemos permitir que isso seja feito. A ProGuaru pode e com certeza pode fazer muito mais pela cidade de Guarulhos", declarou.
Diretoria tem os maiores salários
A Proguaru é uma empresa de economia mista de Guarulhos, responsável pelos serviços de zeladoria na cidade. De acordo com a Secretaria Municipal da Fazenda do município, a empresa acumula prejuízos desde 2013 e, portanto, propõe, por meio de Projeto de Lei do Executivo Municipal encaminhado à Câmara a extinção da companhia.
Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública Municipal de Guarulhos (Stap), afirma que “a extinção da Proguaru significará a demissão de aproximadamente 4.600 Servidores, cuja maioria é gente humilde, que recebe salário irrisório”.
O piso desses servidores, de acordo com a nota, varia de R$ 1.171,00 a R$ 1.200,00 (no caso dos ASGs – serviços gerais -, que são a maioria) ou de R$ 1.270,00 a R$ 1.300,00, se for Agente de Portaria.
Os servidores advertem que “a Proguaru é lotada de cargos comissionados. Ou seja, de pessoas indicadas quase sempre por interesses políticos – seus salários começam em R$ 3.000,00”. Além disso, diz ainda a nota que “a diretoria da Proguaru é imensa – com salários em torno de R$ 7.000,00”.
“O prefeito Guti tem o direito de equilibrar as finanças municipais – aliás, já teve quatro anos pra isso. Direito que ele não tem é de demitir tantos trabalhadores, principalmente num momento de grave recessão econômica e da mais violenta pandemia do último século. Demitir, nessa conjuntura, é condenar pais e mães de família à fila da miséria e da indignidade”, afirma ainda a nota.