Venda de 27 campos da Petrobras no ES afeta 500 empregos diretos, diz sindicalista

Governo Bolsonaro segue sua sanha de privatizações e negocia o Polo Cricaré: “Mais uma página triste do Brasil”, afirma Valnísio Hoffmann, coordenador-geral do Sindipetro-ES

Foto: Divulgação/Sindipetro-ES
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A dois dias do final de 2021, a Petrobras anunciou, nesta quarta-feira (29), que concluiu a venda de 27 campos terrestres de exploração de petróleo do Polo Cricaré, no Espírito Santo. A concessão, parte da política de privatizações de Paulo Guedes, ministro da Economia de Jair Bolsonaro (PL), é mais um golpe nos trabalhadores.

“O Sindicato dos Petroleiros alerta a população para os prejuízos e as consequências dessa medida. A venda vai impactar, no mínimo, em 500 empregos diretos na área de petróleo norte-capixaba”, afirma Valnísio Hoffmann, coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros no Espírito Santo (Sindipetro-ES).

“Outra pancada que os municípios irão perceber é na redução dos royalties, porque com a nova portaria da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as empresas médias e pequenas terão um repasse menor, de 7,5% e 5% dos royalties. Enquanto uma empresa, como a Petrobras, repassaria 10%”, explica Hoffmann.

O sindicalista destaca que se a produção continuar a mesma, só nessa questão os municípios já perderão nos royalties. “Além disso, haverá redução de empregos e salários, aumento da procura do serviço público de saúde, porque essas empresas que estão contratando os novos empregados dessas áreas oferecem um salário muito reduzido, sem plano de saúde. Também estão buscando outros sindicatos, que fecham acordos reduzidos”, relata.

“Então, infelizmente, quem vai pagar a conta é a população dos municípios em relação a recebimento de impostos, tributos, geração de empregos. O comércio vai sentir”, aponta.

Porém, Hoffmann não desanima e diz que tem esperança de conseguir mudanças no triste cenário atual.

“Acho que a única maneira de reverter essa situação é se nas próximas eleições a população votar certo e, em 2023, tentar reconstruir aquilo que for possível dessa empresa tão grande e tão valiosa que é a Petrobras, que está sendo usada pelos abutres do mercado”, ressalta.

Hoffmann critica a política utilizada pela empresa, sob o comando do governo Bolsonaro.

“Tenho certeza que nenhum acionista estrangeiro deve estar chorando porque o filho de um brasileiro está passando fome ou porque o brasileiro está pagando R$ 110 o botijão de gás, R$ 7 ou R$ 8 o litro da gasolina. Então, os acionistas, infelizmente, só pensam no lucro e esse é o mercado liberal que o Paulo Guedes tanto prega”, conta, indignado.

BTG Pactual, que teve Paulo Guedes como um dos fundadores, compra ativos da Petrobras

O coordenador-geral do Sindipetro-ES acrescenta, ainda, que essa venda “é mais uma página triste da história do Brasil com esse desgoverno. É incrível, o Paulo Guedes fala que o petróleo, daqui a dez ou 15 anos, pode se tornar sem importância. Só que a BTG Pactual, que é o banco que ele fundou, anda comprando vários campos, vários ativos da Petrobras. É de muita estranheza esse depoimento dele, desvalorizando o ativo da Petrobras e o banco o qual ele é um dos fundadores anda comprando e se associando a outras empresas para explorar exatamente essa área que ele fala que no futuro não terá mais valor”, completa Hoffmann.