Greve dos caminhoneiros: presidente de central sindical garante que "o Brasil vai parar"

Antonio Neto, presidente da Central dos Sindicatos dos Sindicatos Brasileiros (CSB), se reuniu com caminhoneiros e representantes de transportadoras para debater a greve nacional marcada para 1º de novembro

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A greve dos caminhoneiros, que protestam contra as excessivas altas no preço do diesel, vai "parar o Brasil". Ao menos é o que garante Antonio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).

Nesta sexta-feira (29), Neto se reuniu com representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) e Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado de São Paulo (FTTRESP). Também estiveram presentes no encontro Nailton Francisco de Souza, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), e o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão.

"Acabamos agora uma reunião com lideranças de caminhoneiros e transportadores. A greve vai acontecer. À zero hora 1º de novembro o Brasil vai começar a parar. Todos os caminhoneiros, os trabalhadores. estamos apoiando essa greve. Não é possível mais esse acinte. Excessos de aumentos, revolta de todos os brasileiros com aumento no gás, na gasolina, no diesel, e 31 milhões de lucros distribuídos pra poucos acionistas", disse Neto.

"Por isso vai ter greve, sim. E nós vamos apoiar. Essa greve não é só dos caminhoneiros, é do povo brasileiro. É você que tem carro, que tem que comprar gás e não tá conseguindo, a energia elétrica também vai disparar. Precisamos dar um jeito nisso", completou o sindicalista.

A a greve dos caminhoneiros em 1º de novembro deve ter abrangência nacional e é organizada pela CNTTL, Abrava e Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC).

"Bolsonaro vai ter que procurar outro para culpar"

Às vésperas da greve dos caminhoneiros, marcada para esta segunda-feira (1º), o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) aprovou o congelamento do valor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado nas vendas de combustíveis por 90 dias.

O objetivo é tentar controlar o aumento dos preços, já que neste ano a gasolina acumula alta de 74% e o diesel de 65%. Lideranças da categoria, no entanto, afirmam que a medida é “paliativa” e que a paralisação deve ser mantida.

“A situação do congelamento é que nem aquela paliativa que ele [Jair Bolsonaro] arrumou para tirar dois meses de imposto federal. Depois de dois meses volta tudo ao normal e não resolveu o problema. Nós queremos uma solução definitiva, e não paliativa”, afirma à Fórum José Roberto Stringasci, da Associação Nacional de Transportadores do Brasil.

Presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, diz que o presidente Jair Bolsonaro vai precisar encontrar “outra pessoa para culpar”.

Para justificar os aumentos da gasolina, até o momento ele colocava a responsabilidade em cima dos governadores, informando que a alta se deve ao ICMS. 

“Eu vejo que o presidente vai ter que procurar outro para culpar. Esse é um projeto do consórcio dos governadores, que estava em estudo, mas nesse exato momento não refresca nada nos preços. Os governadores estão fazendo a parte deles e agora o governo federal vai ter que fazer a parte dele”, cobra Chorão.

"Esmola"

Na última semana, Jair Bolsonaro já havia tentado impedir a greve dos caminhoneiros prometendo um “auxílio-diesel” de R$400 mensais para os trabalhadores autônomos da categoria. A promessa, no entanto, não agradou e tem sido tratada por lideranças como “esmola”.

“O caminhoneiro não quer esmola, quer dignidade. Para as petroleiras (dão) um trilhão, para o caminhoneiro humilhação”, afirmou ao jornal Estadão Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), confirmando que a greve em 1º de novembro está de pé.

Wallace Landim, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e que liderou a greve de caminhoneiros em 2018, deu entrevista ao portal Metrópoles e foi na mesma linha: “Caminhoneiro não faz nada com R$ 400, com diesel na média de R$ 4,80. Os R$ 400 propostos pelo presidente não atendem as demandas dos caminhoneiros. Manteremos nossas demandas e greve em 1º de novembro”, declarou.