Por Caroline Coelho, especial para a Fórum
O Uruguai acaba de concretizar uma negociação sem precedentes. A exportação de quase duas toneladas de cannabis 100% medicinal para Israel recebeu a autorização do Ministério de Saúde Pública (MSP) do país vizinho na tarde desta sexta-feira (18). A empresa Fotmer Life Sciences aguardava uma resposta do MSP desde dezembro de 2019 e aponta a transação como a maior exportação de flores de cannabis medicinal do mundo. Os empresários uruguaios comemoraram a notícia. “Essa é a maior exportação de Cannabis Medicinal da história, o Uruguai se tornou, definitivamente, um dos principais players da indústria de cannabis”, afirmou Marco Algorta, presidente da Câmara de Cannabis Medicinal do Uruguai.
A carga de 1.760 quilos de flores, com altos níveis de THC, representa cerca de 2,5 milhões de dólares em entradas de divisas para o Uruguai e ainda precisa de autorizações sanitárias dos dois países para sair de Montevidéu. No início do mês de agosto, o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, assinou uma série de decretos para liberar a exportação de produções de 2018, 2019 e 2020.
Ao anunciar os decretos, Lacalle Pou declarou publicamente o apoio às políticas públicas de cannabis medicinal. “É um medicamento recomendado mundialmente e já é utilizado para determinadas terapias e o Uruguai será a vanguarda”. A declaração do presidente sinaliza a superação da polarização do debate sobre o uso medicinal da cannabis no país. O tratamento do assunto como política de Estado é o símbolo da continuidade do direitista Lacalle Pou a um legado do governo Pepe Mujica.
A negociação inédita do país vizinho foi concretizada depois de uma reunião do presidente Lacalle Pou com o embaixador de Israel no Uruguai e Paraguai, Yoed Magen. Em seu twitter, o embaixador comentou a reunião e celebrou a transação “Muito boa a reunião de trabalho com o presidente Luis Lacalle Pou onde conversamos sobre a nossa agenda bilateral, obrigada presidente por sua amizade com Israel”, concluiu. O embaixador israelense já havia se reunido em 2019 com o então recém eleito Lacalle Pou e manifestado o interesse do seu país em ampliar o comércio bilateral e também com o Mercosul em matéria de produtos e serviços.