No Assentamento Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, sul de Minas Gerais, tratores e patrolas arrancam cercas, árvores e destroem a lavoura sem autorização judicial, denuncia o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Segundo o movimento, está em curso, nesta segunda-feira (24), nova ação ilegal contra o assentamento em áreas que estão fora dos limites determinados judicialmente para a reintegração de posse.
A Fórum conversou com lideranças para tentar compreender a situação. Tuíra Tule, que é da direção estadual do MST, mostra surpresa, indignação e revolta com a atitude dos funcionários do Governo do Estado. "Eles chegam com tratores, escoltados pela Polícia Militar do Estado de Minas e invadem territórios. A área onde havia uma plantação de café, dos assentados Cícero e Helen, foi completamente destruída, já não existe mais nada, a terra onde havia a plantação de café, foi arrasada, a casa dos agricultores foi derrubada, arrancaram todas as árvores”, denuncia.
A recuperação judicial inclui apenas parte dos 3.195 hectares da Fazenda Ariadnópolis, que pertence à massa falida da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia).
Segundo a dirigente, que filmou toda a ação ilegal, os tratores seguem avançando para regiões adjacentes, mas que estão completamente fora dos limites que foram restituídos por determinação judicial. Eles estão avançando para as cercas do assentamento Nova Conquista e para área do acampamento Rosa Luxemburgo, que faz parte de outro processo judicial, e se aproximam do acampamento Irmã Dorothy.
Na área reintegrada judicialmente, as famílias assentadas pelo MST produziam o café Guaií, produto orgânico e de qualidade, sem insumos químicos, agrotóxicos ou sementes transgênicas. Guaií significa "semente boa", no idioma Guarani. A colheita anual era de 510 toneladas.
Em nota enviada agora à Forum, o MST denuncia:
Mesmo após promover 56 horas de tensão e violações de direitos humanos, a covardia e violência sobre as famílias do Acampamento Quilombo Campo Grande segue seu curso. Não bastou realizar um despejo violento em meio à pandemia e usar o aparato da PM para fazer a manutenção desse processo. A ilegalidade continua, não há limites para a covardia do governo Zema e seus aliados, que continua demonstrando o seu descaso com o povo e mostrando sua face criminosa.