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Na quinta-feira (14), data em que se completa um ano do brutal assassinato - ainda sem respostas - de Marielle Franco, serão realizadas em inúmeras cidades brasileiras atos, vigílias e debates em homenagem a vereadora. Mas não é só no Brasil que a ativista dos direitos humanos é lembrada. Um ato em Berlim, capital da Alemanha, também está marcado para acontecer no mesmo dia.
Organizada por diversas entidades alemãs e brasileiras de direitos humanos, a mobilização de quinta-feira contará com dois protestos e uma marcha que têm como intuito, além de prestar homenagens a Marielle, demonstrar repúdio às políticas de "ataque à democracia" promovidas por Jair Bolsonaro e denunciar o apoio de empresas alemãs ao presidente.
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A primeira manifestação começará às 15h30 (horário local) em frente ao prédio da Federação das Indústrias Alemãs (BDI). A ideia é fazer pressão para que as empresas do país deixem de apoiar um governo que os ativistas consideram "explicitamente antidemocrático".
"Vamos denunciar - 50 anos depois da colaboração comprovada da Volkswagen com a ditadura militar brasileira - a contínua colaboração das empresas alemãs com políticos brasileiros como o Bolsonaro, que é explicitamente antidemocrático. Denunciaremos que as empresas alemãs, que representam 12% do PIB industrial brasileiro, continuam pensando só no lucro, e que os direitos humanos só lhes interessa quando se trata deles e de suas famílias", disse à Fórum o jornalista, ativista e cientista social alemão Christian Russau.
Autor do livro "Empresas Alemãs no Brasil - O 7x1 na economia", Russau faz parte do grupo conhecido como Acionistas Críticos, composto por ativistas que compram ações de corporações transnacionais para ter acesso às assembleias de acionistas e denunciar os crimes sociais, ambientais, econômicos e políticos destas empresas.
Na convocatória para a manifestação, as entidades organizadoras chamam a atenção para o fato de que Bolsonaro "implementa uma política de ataque à democracia", que os direitos humanos "são considerados um entrave" em seu governo e que "seus planos são suprimir ou, pelo menos, enfraquecer os programas de proteção de direitos e seus defensores", cujo objetivo seria "acabar com todas as formas de ativismo social" e "colocar na prisão ou forçar seus adversários ao exílio".
"Enquanto isso, empresas e instituições alemãs declaram abertamente seu apoio ao governo Bolsonaro. O lucro parece ser mais importante para eles do que os direitos humanos e a democracia. É contra isso que protestamos com toda veemência", declaram as entidades.
Depois do primeiro ato contra Bolsonaro e as empresas, os ativistas seguirão em marcha até a Embaixada Brasileira em Berlim, onde darão início ao ato de homenagem a Marielle Franco e "contra a repressão de mulheres e homens negros, dos indígenas, dos quilombolas, da comunidade LGBTQI*, dos sem-terra e dos movimentos sociais".
À reportagem, o ativista Christian Russau explicou ainda que a luta contra o apoio de empresas alemãs ao governo Bolsonaro tem ligação direta com o assassinato de Marielle. Um dos exemplos é que a arma utilizada para matar a ex-vereadora é da marca Heckler & Koch, uma empresa alemã.
"Nós, ativistas de Direitos Humanos, exigimos a proibição de armas como a da Heckler & Koch para a Polícia Militar brasileira, como é proibida a exportação dessas armas para alguns estados do México", afirmou.
A mobilização em Berlim é organizada pelo Fórum Resiste Brasil – Berlin, Brasilien Initiative Berlin, FDCL, Kooperation Brasilien – KoBra, KURINGA, Bloque Latinoamericano Berlin, Brasilien Initiative Freiburg, Dachverband der Kritischen Aktionäre, FIAN, Anastácia Berlin, RefrACTa Coletivo Brasil-Berlim, Mash-Up Multigender / Multiworld, ASW, Gira – Festival de Resistência e Internationale Liga für Menschenrechte.