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Levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz, segundo os últimos dados - de 2016 -disponíveis pelo sistema Datasus, do Ministério da Saúde, mostra que metade das 2.339 mulheres assassinadas foram mortas por disparo de armas de fogo. Nos primeiros 13 dias de 2019, 67 mulheres já foram assassinadas, segundo informações da Agência PT.
“Essas mortes são evitáveis e como que nós a evitamos? A gente pega esses indicadores de letalidade e os neutraliza com inibidores de risco, e um dos mais importantes inibidores de risco é cessar o acesso a armas de fogo”, afirma a cofundadora da Rede Feminista de Juristas (DeFEMde), a advogada Marina Ganzarolli.
A porcentagem de feminicídios envolvendo armas de fogo por estado é: Rio Grande do Norte (75.8%), Alagoas (71%), Sergipe (64,4%), Ceará (64,1%), Rio Grande do Sul (61,7%), Pará (60,1%), Paraíba (59,8%); Bahia (59,4%), Goiás (54,9%). Espírito Santo (53,5%) e Maranhão (52,5%).
Um levantamento feito pelo Ministério Público de São Paulo, entre março de 2016 e março de 2017, mostrou que 85% dos agressores de mulheres eram companheiros ou ex-companheiros das vítimas. Namorados e ex-namorados corresponderam a 12%.
“Diversas pesquisas trabalham com indicadores de risco nos casos de violência doméstica, um desses indicadores é o acesso a armas de fogo, porque quando o homem tem o momento de explosão – que é o momento de agravamento do ciclo de violência, que depois vem seguido de pedidos de perdão, de falas de que vai melhorar – se ele tiver uma arma ao seu alcance, ele vai usar”, disse a pesquisadora.
Armar mulheres não vai acabar com o estupro
Um dos argumentos utilizados por Bolsonaro para justificar o decreto da posse de armas é que as mulheres as usariam para se defender, principalmente em casos de estupro. Para Marina Ganzarolli, essa explicação não faz sentido. Segundo o Atlas da Violência 2018, 68% das vítimas de estupro são menores de idade, desse número, 50,9% são meninas menores de 13 anos e 27% possuem entre 14 e 17 anos.
“Eu acho improvável que uma menina de 13 anos vai usar uma arma de fogo para se defender. Essa justificativa vem de alguém que não tem o menor conhecimento sobre políticas de segurança pública adequadas para o enfrentamento desse tipo específico de crime”, afirmou a advogada.
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