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Reportagem de Fernanda Canofre, na edição desta terça-feira (20) da Folha de S.Paulo, revela que o grupo Palmares, fundado em Porto Alegre em 1971 para resgatar a memória dos negros no Brasil foi intimado pela Polícia Federal durante a Ditadura Militar.
Segundo a reportagem, quando uma nota foi publicada em jornal, com o título "Zumbi – A homenagem dos negros do teatro", para anunciar o ato evocativo programado para o dia 20, o nome do grupo, talvez confundido com a organização armada VAR-Palmares, chamou a atenção. Oliveira Silveira e Antônio Carlos Côrtes, dois dos fundadores, foram, então, intimados pela Polícia Federal.
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Para serem liberados pela censura, tiveram que descrever todo o roteiro do encontro e convencer os agentes de que não eram “subversivos”. O documento, com o carimbo de “aprovado”, ressalta que qualquer mudança teria de ser submetida à autorização.
“Nenhum de nós tinha vinculação político-partidária, éramos apenas estudantes e queríamos a valorização do negro. Essa era a causa maior”, disse Côrtes, hoje advogado, à Folha. “Mas eu lembro que o meu pai sempre dizia para a gente não esquecer os documentos quando saísse de casa.”
O grupo foi o primeiro a propor a mudança da data para celebração da Consciência Negra para o dia da morte do líder negro Zumbi dos Palmares.
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“Fizemos uma analogia com a construção mítica do Tiradentes. Em 1971, formalizamos que, se a morte dele era lembrada, também tínhamos que lembrar a de Zumbi”, lembra o advogado. "Estruturamos então a proposta de substituir o 13 de maio pelo 20 de novembro, que seria uma data escolhida por nós, não pela oficialidade. Era uma tomada de consciência."
Em 2003, no governo do ex-presidente Lula, o Dia da Consciência Negra entrou no calendário escolar com a lei que obriga o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas. Oito anos depois, a então presidente Dilma Rousseff (PT) oficializou a data como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
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