Feministas Antiproibicionistas realizam encontro nacional neste final de semana

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O objetivo encontro, que será realizado neste final de semana em Recife, é provocar o envolvimento político de outras mulheres com as práticas antiproibicionistas, por meio do fortalecimento de laços e intercâmbio de saberes e propostas políticas e pedagógicas para um modelo de política de drogas mais justo. Conheça Por RENFA* Nos dias 30 de setembro e 1 de outubro de 2017, cerca de 200 mulheres estarão reunidas na cidade de Recife, em Pernambuco, para participar do I Encontro Nacional de Feministas Antiproibicionistas (ENFA). Articuladas na Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA), mulheres de diversos perfis – ativistas nos Movimentos Feminista, de Mulheres Negras, LBTI, Rurais e Urbanas, em Situação de Rua, Indígenas, Jovens e usuárias de drogas – do Distrito Federal e 12 estados do Brasil, alinhadas pela reforma na política de drogas, se encontrarão para trocar experiências e planejar uma atuação em rede em todo o território nacional. Saiba mais sobre a rede e o encontro aqui. No primeiro dia do encontro, serão formados grupos de vivências para discutir temas relacionados às pautas feministas antiproibicionistas. Racismo, encarceramento, diversidade sexual, maternidade, prostituição, juventude, economia, redução de danos, cultura e espiritualidade serão pontos centrais dos debates e trocas de experiências, que culminarão em sínteses construídas coletivamente como nortes para os horizontes de luta destas mulheres. Posteriormente às vivências em grupos, no segundo dia do ENFA, todas as mulheres estarão juntas para construir uma estratégia de atuação em rede, sintonizada com os Direitos Humanos e a Justiça Social e priorizando o diálogo e a incidência interseccional, a partir do entendimento de que é missão de todos os setores da sociedade a responsabilidade pelos danos sociais e a vulnerabilidade desencadeados pela política proibicionista de drogas. O desafio da RENFA é sensibilizar e influenciar movimentos mistos e de mulheres a acolher a agenda da reforma da política de drogas como fundamental e estruturante na luta pela democracia e por uma sociedade livre das opressões. Espera-se contribuir para o empoderamento das mulheres, ampliando este debate e ocupando espaços de diálogo sobre Direitos Humanos, Direitos Sexuais e Reprodutivos, Controle Social, Segurança Pública, Acesso à Justiça, Comunicação, Direito à Cidade, Agroecologia e Feminismo, sobretudo diante de uma conjuntura política com tantos retrocessos. O objetivo do ENFA, bem como da própria Rede, é provocar o envolvimento político de outras mulheres com as práticas antiproibicionistas, por meio do fortalecimento de laços e intercâmbio de saberes e propostas políticas e pedagógicas para um modelo de política de drogas mais justo. A legislação de drogas vigente no Brasil (Lei 11.343/2006) traz riscos maiores do que o uso das substâncias tidas como ilícitas, e compromete aspectos fundamentais da vida de mulheres e homens brasileiros, como saúde, segurança e educação, além ser usada para criminalizar populações vulneráveis. Tal modelo, que encarcera e extermina vidas, sobretudo jovens e negras, impacta ferozmente a vida das mulheres, que são as principais vítimas dessa verdadeira guerra. Nos últimos 12 anos, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), a população carcerária feminina aumentou 556% no país – número mais de quatro vezes maior, se comparado a prisão de homens no mesmo período. Além da privação de liberdade, a violência do Estado dentro das periferias brasileiras, o estigma, a impossibilidade de permanecerem com seus filhos sob o argumento de serem usuárias de drogas, a negação da sua dignidade e autonomia enquanto usuárias, revelam a necessidade e urgência do fortalecimento das mulheres como protagonistas na luta por uma sociedade antiproibicionista. Serviço ENFA  30/09 e 01/10 Rua do Brum, 27, Bairro do Recife; Recife – Pernambuco Sobre a *RENFA Em 2014, na cidade do Rio de Janeiro, o encontro de 40 mulheres ativistas feministas de nove estados do Brasil foi o pontapé da articulação que, em 2016, durante o I Encontro Nacional de Coletivos e Ativistas Antiproibicionistas (ENCAA), no Recife, resultou na criação da Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas. Atualmente, a RENFA conta com cerca de 200 mulheres e com representações no Distrito Federal e em 12 estados do país: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe. As mulheres envolvidas na construção da rede são aquelas cujos segmentos são os mais afetados pela guerra às drogas. São mulheres cis e trans, negras, jovens, periféricas, usuárias de drogas, profissionais do sexo, mulheres em situação de rua, pesquisadoras ou ativistas, envolvidas de diversas formas na luta por mudanças na política de drogas, norteadas pela perspectiva dos Direitos Humanos e da Justiça Social. São atuantes nos movimentos sociais de luta pelo direito à cidade, nos serviços públicos de saúde e assistência, no trabalho com mulheres privadas de liberdade e em situação de rua, produtoras de conhecimento dentro da academia e no campo da comunicação. Ativistas na luta feminista e em outros campos, fundamentais para a garantia dos direitos das mulheres em situação de vulnerabilidade.