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Bombas, balas de borracha e até armas letais: PM é acusada de usar força excessiva contra a população em protesto
Por Fania Rodrigues, no Brasil de Fato
Mais um protesto termina em forte repressão no Centro do Rio de Janeiro nessa quinta-feira (9). Cerca de 10 mil trabalhadores, entre eles muitos servidores públicos e funcionários da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), protestaram contra a privatização da empresa de saneamento. A votação do projeto que propõe a venda da Cedae, entra na pauta de votação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), hoje às 19h.
Ruas da região central da cidade foram fechadas e parte do comércio foi fechada. Bombas de gás, balas de borracha, spray de pimento e jatos de água foram usados por policiais militares para dispersar a manifestação.
O ato contra a privatização da Cedae começou ao meio dia e a repressão durou mais de 4h seguidas. “Isso é uma covardia, jogando bomba de gás e spray de pimenta em trabalhador. Estamos aqui defendendo a água, nossos empregos e essa empresa que é do povo. Estamos aqui na batalha e temos que tirar Pezão de lá”, afirma o presidente do Sintsama, Humberto Lemos.
Durante o protesto, um carro blindado, conhecido também como caveirão, foi usado contra manifestantes. Uma das vítimas foi o secundarista Carlos Henrique Senna, 18, baleado por uma bala de borracha perfurante. Ele foi levado ao Hospital Souza Aguiar, e o médico informou que houve lesão grave do intestino, além de afetar o estômago.
O jovem estuda no Colégio Hebert de Souza, na Tijuca, e é militante da Associação Estadual dos Estudantes Secundaristas (AERJ).
“A polícia militar fez uma emboscada, na Praça 15. Os manifestantes foram atacados e não conseguiram sair desse reduto. Teve até tiro de arma letal”, informou a ativista Beatriz Lopez, integrante da União da Juventude Socialista (UJS).
Apesar da violência da PM, à 16h30 os manifestantes voltaram para frente da Alerj para continuar o protesto contra a votação, que se estenderá até à noite.
“Não existe diálogo com a população. Os governantes já lidam com o povo na base da porrada. Mas o povo acordou, por isso estamos aqui hoje. Paga o policial para dar porrada na gente, está aí o resultado: as ruas do Rio estão parecendo palco de guerra”, afirmou um bombeiro que pediu anonimato.
O Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe) já prepara novo protesto no dia 15 de fevereiro, quando será votado na Alerj o Pacote de Maldade (proposta de ajuste fiscal do governo Pezão).