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Cerca de 5 mil ciclistas protestaram em apoio às ciclovias e comemoraram a decisão do presidente do Tribunal de Justiça, que suspendeu o veto às obras da prefeitura
Por Guilherme Franco
No início da noite de ontem (27), cerca de cinco mil ciclistas – a PM falou em 350 – protestaram contra a decisão do juiz Luiz Fernando Rodrigues Guerra, que determinava a paralisação de todas as obras de novas ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas em São Paulo. Os manifestantes se reuniram na Praça do Ciclista, região da Avenida Paulista, desde às 18h.
Os ciclistas que compareceram não imaginavam que a principal demanda do ato seria atendida. O trajeto do protesto, que a princípio seria em direção ao Ministério Público, foi alterado de última hora para a Avenida Paulista sentido Paraíso.
O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), José Renato Nalini, suspendeu a decisão da primeira instância, que proibia a continuidade da implantação de novas ciclovias em São Paulo.. "A decisão de paralisação parcial das obras reduz a capacidade do Município de interferir no tráfego urbano, causa pesado impacto na comunicação entre as vias e potencializa o risco de acidentes", diz.
[caption id="attachment_62060" align="alignleft" width="300"] Manifestante defende a implantação de ciclovias na cidade[/caption]
“É impressionante como os paulistanos estão muito acostumados a não mudarem. Quando alguém quer mudar alguma coisa na cidade é motivo de revolta. A mudança por si só, qualquer que seja ela, é mal vista. A ciclovia é uma tendência mundial. É algo extremamente retrógrado pará-las”, afirmou o cineasta Henrique Carvalhaes.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), entregou até agora 235,3 quilômetros de faixas exclusivas e cilcofaixas para bicicletas e a meta, até o fim desse ano, é de 400 quilômetros concluídos.
“Trabalho na Vila Mariana e moro no Centro. Vou todo dia de bicicleta, percorrendo em média 8 km”, disse o webdesigner Eduardo Utima.
[caption id="attachment_62064" align="alignright" width="300"] Mais de 5 mil ciclistas compareceram ao ato pró-ciclovia, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. (Foto: Rodrigo Corsi)[/caption]
Para Roberson Miguel, técnico em informática, acabar com as ciclovias interfere diretamente no trabalhador que mora na periferia. “O Ministério Público não leva em consideração a massa de gente que atravessa a cidade para prestar serviço no centro e chega em casa às 4 ou 5h da manhã. Nessa hora o promotor já está dormindo. Se essa rejeição dos grandes órgãos com as ciclovias continuar, ela nunca vai funcionar na periferia, que é o local onde as pessoas mais usam a bicicleta”, destcou.
Além de São Paulo, as manifestações em apoio às ciclovias aconteceram em diversas cidades do Brasil e até do exterior. Por meio das redes sociais, ativistas da Inglaterra, Itália e Alemanha prestaram solidariedade aos paulistanos e confirmaram atos neste final de semana.
Vitória nas ruas e na justiça
O veto às ciclovias foi um pedido da promotora de Justiça de Habitação e Urbanismo Camila Mansour Magalhães da Silveira, do Ministério Público de São Paulo. No pedido inicial, a promotora questionava uma suposta falta de estudos técnicos necessários para implantação das ciclovias, como “projeto básico e projeto executivo [..] devendo considerar as situações fáticas anteriores e posteriores à sua implantação”. Na ação, a promotora também pedia que a prefeitura reconstruísse o canteiro central da Avenida Paulista.
Pedro Bruschi, um dos organizadores do evento oficial no Facebook, criticou a postura do Ministério Público: “É um absurdo chegar a solicitar o absurdo de se voltar atrás em obras que estão em processo e que já demandaram um grande investimento. Ela [promotora] se esconde atrás de inúmeros recursos retóricos midiáticos, mas defende claramente uma postura 'carrocêntrica' e a permanência do modelo de transporte individual motorizado como solução para a mobilidade urbana paulista”.
Foto de capa: Rodrigo Corsi