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A página "Devolve Minha Escola", que desmoraliza as ocupações de estudantes contra a reorganização escolar, é administrada por um militante tucano que trabalha no Diretório Municipal do partido em Guarulhos. Além da página, grupo composto por integrantes da juventude tucana frequenta escolas e faz ameaças: "Se não vai sair por bem, vai sair por mal"
Por Redação*
Ao mesmo tempo em que o governo de São Paulo e a secretaria estadual de Educação articulam ações para retomar as escolas ocupadas por estudantes, um grupo que diz reunir pais e alunos, mas que na verdade é composto, em sua maioria, por integrantes da juventude tucana, incentiva nas redes sociais e nos próprios colégios os manifestantes a deixarem a mobilização. Eles também sugerem à população que apoie a reorganização proposta pelo governo.
Para isso, foi criada na semana passada uma página no Facebook chamada "Devolve Minha Escola", que diz "ser contra as ocupações e contra a destruição de documentos da escola". Passando a ideia de que a mobilização contra as ocupações teria partido de pais e alunos, a página posta dados sobre os supostos "benefícios" da reorganização e acusa entidades como CUT, Apeoesp e até mesmo o PT de estarem por trás da luta dos estudantes.
[caption id="attachment_76222" align="alignleft" width="176"] Geraldo Alckmin com Roney Glauber, o administrador da página "Devolve Minha Escola" (Foto: Reprodução/Facebook)[/caption]
Um dos coordenadores do "Movimento Ação Popular", que criou a iniciativa "Devolve Minha Escola", é o estudante de história de 28 anos Roney Glauber. O jovem, além de militante e filiado do PSDB, trabalha no Diretório Municipal do partido em Guarulhos. Em seu Facebook, o estudante, que já foi eleito presidente da juventude do partido em 2013, coleciona posts contra as ocupações e fotos com o governador Geraldo Alckmin.
"Muitos são filiados, mas o núcleo [do movimento] é indiferente às posições do PSDB. Defendemos a reorganização e entendemos que é possível implementar o ciclo único", disse Roney em entrevista ao Estadão.
O grupo garante já ter visitado mais de 150 escolas por todo o estado para "explicar" aos estudantes a reorganização e convencê-los a deixar as ocupações. Uma das manifestantes de uma escola ocupada da capital, que recebeu a visita do grupo, afirmou que eles, inclusive, fazem ameaças aos alunos.
“Eles chegaram aqui dizendo entender a mobilização, quiseram entrar e convencer alguns alunos de que tudo não valia a pena, que a reorganização era uma coisa boa. Depois viram que não iriam conseguir nada e ainda disseram antes de ir embora que ‘tudo bem, se não vai sair por bem, vai sair por mal", revelou ao site Democratize a aluna de 16 anos que preferiu, não se identificar temendo represálias.
Procurada, a administração da página "Devolve Minha Escola" informou que o grupo é formado por membros de entidades estudantis como a UMES e outros movimentos, como "Juventude em Ação", o "Movimento dos Contrários" e o "Movimento Ação Popular". Eles ressaltam, contudo, que neste último mês "há sim jovens ligados ao PSDB, mas nenhum dos administradores está empregado no poder público ou mesmo recebe remuneração por ter criado ou por fazer a manutenção da página".
Quanto à denúncia da estudante, os administradores da página afirmam que "não é política e nem orientação do grupo que se façam ameaças aos alunos a ponto de forçar a desocupação".
Questionados sobre quem, exatamente, administrava a página, eles disseram que "devido ao alto número de ameaças que recebemos em nossa página, reservamo-nos no direito de não identificar nominalmente os administradores por prezarmos por nossa integridade física".
*Matéria atualizada em 01/12, às 16h35