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Deputado responde: "“Há uma parte da esquerda e do feminismo que tem uma posição conservadora e moralista sobre o uso do corpo e sobre a sexualidade (moralista e, inclusive, machista!)"
Por Igor Carvalho
[caption id="attachment_43549" align="alignleft" width="300"] Sônia Coelho, coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres (Foto: Igor Carvalho)[/caption]
Neste sábado (8), dia internacional da mulher, dezenas de entidades feministas foram às ruas de São Paulo na Marcha Mundial das Mulheres, na avenida Paulista. A manifestação foi chamada para denunciar a “opressão” vivida por todas nós nesse sistema machista, mercantilizador, lesbofóbico, racista e destruidor da natureza”, como dizia o texto de divulgação do ato.
Aproximadamente 1,5 mil pessoas compareceram ao ato, segundo a organização. Para o comando da Polícia Militar, eram 500 manifestantes. A Marcha partiu do Masp por volta das 10h30 e terminou às 13h na Praça Roosevelt.
Entre os temas apresentados pela Marcha, neste ano, estava o PL 4.211, conhecido como PL Gabriela Leite, do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que regulamenta a profissão de prostitutas.
“O projeto do Jean regulamenta a cafetinagem e expandi a indústria do sexo, nós somos contra a prostituição como profissão regulamentada. O que o Jean está fazendo é oferecer respaldo aos homens como consumidores de serviços sexuais”, afirmou Sônia Coelho, coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres.
A militante afirma que o deputado não procurou os movimentos feministas para construir o PL. “Ele não conhece o movimento feminista e agora nós que não queremos abrir diálogo com ele. Quando tentamos nos aproximar ele imediatamente foi para a ofensiva e nos chamou de conservadoras.”
[caption id="attachment_43550" align="alignright" width="300"] Marcha atraiu 1,5 mil pessoas segundo a organização. Porém, para a PM, era 500 manifestantes (Foto: Igor Carvalho)[/caption]
Em resposta à Fórum, através de sua assessoria, Jean Wyllys negou que o projeto tenha sido elaborado sem apoio de movimentos ligados as mulheres. “Para elaborar o projeto, o deputado manteve reuniões com trabalhadoras sexuais, tanto mulheres heterossexuais quanto travestis e transexuais, de diferentes estados, e também consultou a opinião dos garotos de programa.”
O deputado nega que seu projeto reforce a mercantilização da mulher. “Há uma parte da esquerda e do feminismo que tem uma posição conservadora e moralista sobre o uso do corpo e sobre a sexualidade (moralista e, inclusive, machista!), pela qual comete a contradição ideológica de defender o direito da mulher a abortar mas, ao mesmo tempo, pretender que o Estado tutele o corpo dela quando se trata da prostituição.”
Participação política
Outra reivindicação da Marcha foi maior participação feminina na política brasileira. “Mulheres, índios e negros não são representados nesse Congresso. Só há uma forma de ampliarmos nossos quadros e sermos mais representados, é através de um plebiscito popular por uma constituinte exclusiva”, afirmou Sônia Coelho.