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Para facilitadora do Blogueiras Negras, "isso é apenas o reflexo do que a mídia reserva para os negros de maneira geral. Não acho que as negras façam questão de estampar a capa da VIP, não acrescentaria em representação, mas é um reflexo da mídia”
Por Igor Carvalho
[caption id="attachment_39349" align="alignleft" width="300"] As doze capas da revista VIP em 2013 (Foto: Divulgação/VIP)[/caption]
A revista VIP, em função do dia do fotógrafo, 8 de janeiro, relembrou suas 12 capas de 2013. A publicação da Editora Abril, voltada prioritariamente ao público masculino, não estampou, em todo ano, nenhuma mulher negra em suas capas.
No Brasil, a população negra e parda é maioria (50,7%), segundo o Censo realizado em 2010. Porém, apesar dos dados, a VIP idealizou como modelo de beleza em todo o ano passado as mulheres brancas.
Para a facilitadora do sitio Blogueiras Negras, Maria Rita Casagrande, a supervalorização da mulher branca não é uma novidade. “A VIP é uma revista que conheço e são raras as capas com alguma negra. Não é surpresa nenhuma que entre as 12 capas do ano não tenha uma negra e, quando a revista traz uma, nunca é o destaque.”
Jarid Arraes, que mantém o blogue “Questão de Gênero” na Fórum, ressalta a questão da padronização da beleza. “Não há espaço para a beleza que fuja dos padrões branco e magro. Então, as mulheres [de capas de revistas] acabam sendo muito parecidas nas suas características físicas”.
Mesmo quando destacada, a mulher negra é apresentada de outra forma, segundo Jarid. “É importante enxergar essa diferença em como as mulheres brancas e as negras são sexualmente representadas. A negra quase sempre é caracterizada como exótica, da cor do pecado, como algo excêntrico”, explica a blogueira.
Para ambas, o conjunto das capas é sintomático do tratamento midiático cotidiano. “E isso é apenas o reflexo do que a mídia reserva para os negros de maneira geral. Não acho que as negras façam questão de estampar a capa da VIP, não acrescentaria em representação, mas é um reflexo da mídia”, aponta Maria Rita.
“Podemos identificar o racismo sutil da nossa sociedade, mas estar ali naquela capa também não é nenhum sonho de inclusão porque a mulher está sendo objetificada e exposta para ser avaliada e consumida”, argumenta Jarid.