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Manifestantes ocupam prédios públicos no Abril Vermelho, mês de lutas do movimento para lembrar o episódio
Da Agência Brasil
[caption id="attachment_23096" align="alignleft" width="400"] Ações devem ocorrer em 1,8 mil cidades (Foto: Marcello Casal Jr./Arquivo ABr)[/caption]
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) inicia hoje (17) várias manifestações pelo país para marcar a luta contra a violência no campo e assassinatos de agricultores. As ações vão ocorrer em 1,8 mil cidades.
Os protestos fazem parte do Abril Vermelho, jornada de lutas do MST para lembrar o Massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, quando 21 trabalhadores rurais foram mortos em um confronto com a Polícia Militar do Pará.
Em Pernambuco, 12 rodovias foram bloqueadas, segundo o movimento. Em Porto Alegre, a Secretaria Estadual de Educação foi ocupada por sem-terra que pedem maior investimento governamental na educação. Em Fortaleza, os manifestantes ocuparam a sede do Departamento Nacional das Obras contra as Secas, para negociar a situação de camponeses afetados pela estiagem.
Em Brasília, os sem-terra, em parceria com servidores do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), distribuíram 2 toneladas de alimentos produzidos em acampamentos e projetos de assentamento. Foram entregues cerca de 800 sacolas com quiabo, feijão-de-corda, mandioca, batata-doce, chuchu, abóbora e abobrinha verde. Para Reginaldo Marcos Aguiar, diretor da Associação dos Servidores da Reforma Agrária em Brasília, a parceria é para mostrar "que a luta por essa reforma não é só uma luta política, mas também tem o objetivo de deixar claro que os assentamentos da reforma agrária, do Incra e da agricultura familiar produzem alimentos de qualidade, sem agrotóxico e sem causar mal a quem os consome".
Por volta das 10h, cerca de 500 sem-terra marcharam na Esplanada dos Ministérios em memória aos trabalhadores mortos no Massacre de Eldorado dos Carajás. No ato, eles carregavam caixões e cruzes.
Integrantes do movimento participaram de uma reunião no Ministério da Justiça (MJ). Segundo o representante do MST no Distrito Federal, Diego Moreira, o grupo cobrou “agilidade nos processos de julgamento e condenação dos mandantes e executores de crimes no campo". "Chega de impunidade.” Em resposta, o ministério informou que vai conversar com os tribunais e o Conselho Nacional de Justiça para buscar atender a reivindicação do movimento.
No Rio de Janeiro, os sem-terra protestaram em frente à Superintendência Estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para exigir um plano emergencial para assentamento de 150 mil famílias em todo o país. Cantando músicas e carregando bandeiras e com os dizeres "Chega de Violência no Campo" e "Queremos Reforma Agrária Já", o grupo, com cerca de 200 pessoas, começou a passeata no bairro da Glória, na zona sul, e seguiu até a sede da companhia Vale, no centro da cidade, onde se juntou à manifestação organizada pela Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale. A manifestação foi acompanhada por homens da Guarda Municipal e parou o trânsito na região.
De acordo com um dos representantes do diretório nacional do MST, Marcelo Durão, os trabalhadores querem retomar as negociações com o governo. "Estamos neste mês de abril inteiro cobrando da presidenta Dilma Rousseff uma medida em relação aos assentamentos. A discussão pela reforma agrária está parada, então é importante nós acionarmos, tanto o Poder Judiciário como o governo para termos a obtenção de terras e a realização desses assentamentos", disse Durão.
Segundo dados do Incra, o número de famílias assentadas no estado do Rio chegou a 92 no ano passado, contra 113 em 2011.