Assassinato de líder oposicionista provoca reações de organizações integrantes do Conselho Internacional do FSM, que reforçam mobilização para edição mundial em março na Tunísia como um momento de apoio à luta pela democratização do país
Por Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada
[caption id="attachment_21362" align="alignleft" width="300"] Chokri Belaid era uma das vozes mais ativas contra a influência da religião no Estado tunisiano.[/caption]A notícia chegou à lista do Conselho Internacional do FSM assim que o assassinato de Chokri Belaid foi transmitido pela Rede Al Jazeera, na quarta-feira. Morto com dois tiros, caiu na Tunísia uma das mais ativas vozes no país contra a influência religiosa sobre o Estado, e em defesa dos direitos civis e humanos no país
Líder dos Patriotas Democráticos e integrante da Frente Popular dos partidos de esquerda, Belaid vinha acusando os islamistas radicais pelos recentes ataques contra a oposição. No sábado anterior ao assassinato, uma reunião do PPD foi alvo de apedrejamento.
Em um pronunciamento à TV, no dia de sua morte, Belaid alertou que : "a violência é uma linha vermelha que ninguém deve passar. Claro que é possível desencadeá-la, mas depois não será possível controlá-la", disse.
Afirmar a solidariedade
A menos de dois meses para a realização de seu encontro internacional em Tunis, para onde se mobilizam caravanas regionais e delegações de diversos países do mundo, os membros do Conselho Internacional do FSM começaram e enviar mensagens de solidariedade e a demonstrar uma opinião que já ganhou consenso na instância política. A edição 2013 do FSM deve ser reafirmada no país, e as mobilizações rumo à Tunisia reforçadas, para expressar solidariedade ao processo de democratização desencadeado pela Primavera Árabe. O crime é tido como uma tentativa de amedrontar a população, e o FSM pode ajudar a fortalecer a resistência.
Um proposta de mensagem simples e direta, manifestando a tristeza com o crime e determinação quanto ao evento global rapidamente ganhou adesões e, em menos de um dia, já reunia quase uma centena de assinaturas - cada uma manifestando a voz de uma organização, rede ou movimento integrante do CI.
A mensagem, que segue ganhando adesões e chegará à família e companheiros de Chokri, assim como ao Comitê Organizador local do FSM, denuncia a intenção dos criminosos de acuar a resistência na Tunísia, "silenciar aqueles e aquelas que lutam pela justiça, liberdade, dignidade social", e pedem a rigorosa investigação, esclarecimento do crime e punição dos responsáveis.
Conheça o teor da nota:
Nós, as organizações signatárias, envolvidas nos preparativos para o Fórum Social Mundial, a ser realizado em março de 2013, em Tunis, estamos chocadas e indignadas com o assassinato de Chokri Belaid, um líder político que dedicou sua vida à luta pela liberdade, democracia e justiça social.
Expressamos nossas condolências à família do falecido, seus companheiros, aos democratas tunisianos, aos seus amigos e ao povo tunisiano pela perda de um homem que não cansou em defende-los
Este crime hediondo acontece após dois anos do início das revoluções na Tunísia e na região e menos de dois meses da realização do FSM 2013, em Túnis.
Este assassinato visa silenciar aqueles e aquelas que lutam pela justiça, liberdade, dignidade social, que visa criar um clima de medo e ódio e abalar a Tunísia em meio à violência.
Tal ato não pode parar ou reverter o processo iniciado pelos democratas da Tunísia com quem estamos unidos e unidas. Nós acreditamos que as forças democráticas da Tunísia vai manter forte convicção e inabalável e escolha de resolução pacífica de conflitos para completar seu processo democrático.
Apelamos às autoridades tunisinas para acelerar uma investigação urgente e imparcial para apontar os autores deste assassinato e fazer todos os esforços para garantir que este ato não fique impune e que esse tipo de crime não se repita.
Estamos mais do que nunca convencidos e convencidas da necessidade de uma mobilização internacional para o sucesso do FSM 2013, para torná-lo um momento forte de apoio ao processo democrático na Tunísia.