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Em nota à imprensa, Comissão Pastoral da Terra alerta para repressão e expõe "temor de uma reação violenta por parte dos latifundiários denunciados em protesto"
Por Redação
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), em nota à imprensa, denunciou ameaças de morte a liderças de movimentos sociais da área rural de Alagoas. O início das ameaças ocorreu a partir da jornada de lutas no estado, em comemoração ao dia do trabalhador rural.
No dia 24 de julho, 800 pessoas ligadas à CPT, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) e Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL), ocuparam a fazenda Boa Vista do deputado federal Olavo Calheiros (PMDB), irmão do senador Renan Calheiros, no município de Murici.
A ocupação foi motivada, pela suspeita da irregularidade dos documentos que comprovam a compra da fazenda. Segundo a CPT, a fazenda foi vistoriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em 1999, quando foi classificado como improdutivo. Porém, o processo foi arquivado e desapareceu dos arquivos. Pouco tempo depois, a propriedade foi adquirida pela família Calheiros. Além da fazenda Boa Vista, encontram-se em condições semelhantes as fazendas Santo Aleixo, Bananeiras, São Bernardo e Cocau. A assessoria de imprensa do Incra, não foi localizada, devido a mudanças no escritório.
Durante a ocupação, os manifestantes reconheceram que pistoleiros ligados a latifundiários, disfarçados de operários da Companhia Energética de Alagoas (CEAL), estiveram na fazenda afirmando que estavam verificando as instalações elétricas. A CEAL, procurada pela Fórum, averiguará a denúncia.
Para dar continuidade aos protestos, no dia 25, os manifestantes realizaram marcha e ato em frente a prefeitura de Murici e ao cartório, que resultaram em negociação para desocupação da fazenda e na Corregedoria-Geral do estado, com a promessa do desembargador Sebastião da Costa Filho de agilizar o processo que solicita a intervenção no cartório de Murici.
Repressão
A CPT afirma que, “após a intervenção no cartório, há fortes indícios na região de planos de assassinato de lideranças dos movimentos sociais rurais. Em sessão da Assembléia Legislativa, no dia 2 de agosto, o deputado João Beltrão (PMN), que goza de fórum privilegiado e responde por processos utilização de pistolagem em Alagoas, qualificou os movimentos que atuam no campo como “um bando de maloqueiros” e disse, em tom de ameaça, que deixaria a política caso os movimentos ocupassem uma das quatro fazendas que possui.