Um repórter do jornal O Estado de S.Paulo foi ao seu perfil na rede X, na noite desta quarta-feira de cinzas (5), para fazer uma afirmação que gerou bastante revolta entre internautas, e que foi, para dizer o mínimo, algo bastante incoerente. André Schalders referiu-se ao escritor Marcelo Rubens Paiva, filho da ativista por direitos humanos Eunice Paiva e do deputado cassado Rubens Paiva, raptado e assassinado por agentes da Ditadura Militar (1964-985), em 20 de janeiro de 1971, chamando-o de “aristocrata brasileiro”. Marcelo é o autor do livro Ainda Estou Aqui, que serviu de base para o longa-metragem dirigido por Walter Salles que ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional no último domingo (2).

A curiosidade na afirmação ficou por conta de Schalders ser funcionário justamente do mais aristocrático dos jornais brasileiros. O Estado de S.Paulo, há décadas chamado de “Estadão, foi fundado em 1875 como “A Província de São Paulo”, ainda no Império, e desde então sempre foi um porta-voz das elites mais retrógradas e antipovo que controlaram e controlam o Brasil. Por anos, e especialmente nos últimos 30, atuou de forma tão conservadora que se colocou constantemente nas raias do reacionarismo.
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Schalders foi o jornalista que, no final de 2023, produziu reportagens dando conta de que uma suposta “dama do tráfico” teria se encontrado com o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que hoje é ministro do STF. Luciane Barbosa Farias, que é esposa de um homem identificado como Clemilson Santos Farias, vulgo Tio Patinhas, suposta liderança do Comando Vermelho no Amazonas, de fato esteve em Brasília meses antes. Só que sua presença foi como liderança de uma ONG que atua por melhores condições para a população carcerária do estado do Norte, em atividades voltadas justamente para esses ativistas, sem qualquer tipo de agenda ou encontro com o então ministro chefe da pasta.
Schalders chegou a admitir para a jornalista Cynara Menezes, da Fórum, que foi ele quem deu a alcunha de “dama do tráfico” para a mulher alvo das reportagens, mas depois apagou a mensagem. No caso do ataque a Marcelo Rubens Paiva, a atitude foi parecida. Diante da péssima repercussão entre internautas, o repórter também apagou a postagem direcionada ao escritor filho de Eunice e Rubens Paiva.