Na última sexta-feira (30), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio da rede social "X", o antigo Twitter, em todo o território brasileiro, pois a empresa, comandada por Elon Musk, recusou-se a nomear um representante no Brasil, pagar as multas e bloquear perfis conforme decisão do STF.
Dessa maneira, no sábado (31), a maioria dos 20 milhões de usuários brasileiros do "X" acordou sem acesso à plataforma. Algumas poucas regiões do Brasil ainda estão com acesso, mas isso deve ser encerrado nos próximos dias.
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Sem acesso ao "X", mais de 1 milhão de brasileiros migraram para a plataforma Bluesky, e a língua portuguesa já é a predominante na rede social que pode ocupar o lugar da plataforma de Elon Musk.
Ao que tudo indica, o acesso ao "X" não deve ocorrer tão cedo, visto que Elon Musk, ao invés de sinalizar diálogo com as instituições brasileiras, tem usado o "X" para atacar o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Lula (PT).
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Mas, o "X" pode voltar a operar no Brasil? Sim, a rede social pode voltar a operar no país, mas, para isso, o dono dela, Elon Musk, deve:
- Pagar a multa de mais de R$ 18 milhões
- Bloquear os perfis definidos pelo STF
- Nomear um representante do "X" no Brasil
Caso Elon Musk realize as operações elencadas acima, o "X" pode voltar a ter o acesso liberado no Brasil. Porém, tal cenário é considerado improvável, pois, para tanto, Elon Musk teria que ceder, e seus argumentos de que o Brasil vive uma ditadura cairiam por terra. O mais provável é que o empresário faça do bloqueio brasileiro a sua nova bandeira política e sentido de vida. A conferir.
STF mantém bloqueio ao X de Elon Musk por unanimidade
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve por unanimidade a rede social X suspensa.
A decisão é válida até que a plataforma cumpra decisões da Justiça, pague multas que ultrapassam R$ 18 milhões, e indique um representante legal no país.
Votaram nesta segunda-feira (2), a favor do bloqueio os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.
A maioria também concordou com a multa de R$ 50 mil para pessoas e empresas que utilizarem “subterfúgios tecnológicos” para manter o uso do X, como o uso de VPN.
A multa foi questionada pela OAB, mas o pedido ainda não foi analisado.
A única ressalva foi do ministro Fux. Ele avaliou que a suspensão do X é válida – desde que "não atinja pessoas naturais e jurídicas indiscriminadas e que não tenham participado do processo".
Os votos
Em seu voto, Moraes sustentou que o X deve permanecer bloqueado "até que todas as ordens judiciais proferidas nos presentes autos sejam cumpridas, as multas devidamente pagas e seja indicado, em juízo, a pessoa física ou jurídica representante em território nacional. No caso de pessoa jurídica, deve ser indicado também o seu responsável administrativo".
Dino, por sua vez, concordou e escreveu que "o poder econômico e o tamanho da conta bancária não fazem nascer uma esdrúxula imunidade de jurisdição".
"A liberdade de expressão é um direito fundamental que está umbilicalmente ligado ao dever de responsabilidade. O primeiro não vive sem o segundo, e vice-versa, em recíproca limitação aos contornos de um e de outro", prosseguiu o ministro.
O placar está em 2 a 0 pela manutenção do bloqueio do X. Além de Moraes e Dino, compõem a Primeira Turma do STF os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Faltam, portanto, 3 votos. Destes, basta apenas 1 favorável a Moraes para que o bloqueio do X no Brasil seja totalmente referendado. A expectativa é que a decisão seja unânime.
Bloqueio do X no Brasil
O X, antigo Twitter, está, finalmente, fora do ar no Brasil em praticamente todo o território e em todos os dispositivos. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) comunicou mais de 20 mil operadoras de telecomunicações a medida, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, na tarde de sexta-feira (30).
As operadoras de telecomunicações têm prazo de até cinco dias, após a notificação da agência, para o cumprimento da ordem de Moraes. Segundo o Downdetector, que registra queixas com canais digitais, a rede social parou de funcionar primeiro no computador e depois no celular.
Apesar do X não divulgar seu número de usuários, consultorias estimam que são cerca de 20 milhões no Brasil, local considerado um dos maiores mercados da rede no mundo.
Às 3h46 deste sábado, o dono da rede, o bilionário Elon Musk, afirmou pelo próprio X que vai começar a publicar no domingo (1º) o que ele chama de "longa lista de crimes" de Moraes. "Obviamente, ele não precisa obedecer às leis dos EUA, mas precisa obedecer às leis do seu próprio país. Ele é um ditador e uma fraude, não um juiz", afirmou.
Em sua decisão, Alexandre de Moraes afirma que Elon Musk é um "criminoso", que atua "fora da lei" e que usa o "X" para corroer instituições e dar guarida para "milícias digitais" e "discursos nazistas".
Moraes intimou Musk na quarta-feira (28), a indicar em 24 horas um novo representante legal no Brasil, e afirmou que suspenderia a rede caso isso não acontecesse. Pela Constituição brasileira, uma empresa não pode operar sem que tenha um representante legal no país.
O ministro também impôs multa diária de R$ 50 mil para qualquer pessoa ou empresa que utilizar meios (como VPN) para acessar o X, mesmo estando o site banido do país.
A decisão de Alexandre de Moraes, que ocorre após inúmeras tentativas de diálogo com Musk, teve repercussão nos principais meios de comunicação do mundo. Veja aqui.
O embate Alexandre de Moraes e Elon Musk
- Suspensão da rede social X no Brasil: O ministro Alexandre de Moraes, do STF, ordenou que a rede social X seja suspensa em todo o Brasil nesta sexta-feira (30).
- Notificação à Anatel: Moraes instruiu a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a bloquear o acesso à plataforma dentro de um prazo de 24 horas.
- Multa para descumprimento: Empresas como Apple e Google foram notificadas para remover o X de suas lojas virtuais em até 5 dias. Além disso, foi estabelecida uma multa diária de R$ 50 mil para qualquer pessoa ou empresa que tente acessar o X utilizando recursos como VPNs, após o banimento.
- Motivo da decisão: A decisão foi motivada pelo não cumprimento da ordem de Alexandre de Moraes para que a rede social nomeasse um representante legal no Brasil, uma determinação feita em 28 de agosto com prazo de 24 horas.
- Multas pendentes: A rede social também acumula multas no valor de R$ 18 milhões, decorrentes da desobediência em remover perfis responsáveis pela disseminação de desinformação e ataques contra as instituições democráticas.
- Fechamento do escritório no Brasil: No dia 17 de agosto, o X encerrou suas operações no Brasil, alegando que a representante legal da empresa no país foi ameaçada de prisão por Moraes.
- Posição do X: Após o vencimento do prazo, o X declarou que não acataria as ordens judiciais de Moraes, considerando-as "ilegais" e antecipando a ordem de fechamento no Brasil.
- Dono do X: O bilionário Elon Musk, proprietário do X, tem criticado publicamente Moraes nas redes sociais em resposta às decisões do ministro.
- Ataques de Musk: Musk voltou a fazer críticas na própria rede social X ao longo da quinta-feira, reiterando sua oposição às ações de Moraes.