A TV Record resolveu demitir seu diretor responsável pelo núcleo de jornalismo investigativo, André Caramante. A decisão foi tomada depois de denúncias por assédio moral, que já vinham havia quase dez anos.
As acusações de profissionais da emissora, que chegaram ao departamento de recursos humanos apontam gritos, ofensas, ameaças, humilhações, constrangimentos, abuso de poder, agressão verbal e até agressão física.
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De acordo com a coluna de Gabriel Perline, na Contigo, várias vítimas relataram o problema, mas pediram para não serem identificadas.
Segundo as denúncias, Caramante tinha o costume de gritar e ofender os subordinados, usando termos como “imbecil", "mula", "incompetente", "idiota" e "estúpido", na frente de todos.
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O ex-diretor também ameaçava os trabalhadores de demissão, caso não cumprissem ordens que ultrapassavam o limite de suas habilitações, como, forçar algum repórter a fazer o dobro de horas de trabalho em um dia sem ter qualquer pauta a ser executada, ou obrigar que seus funcionários revelassem para ele o teor de conversas pessoais que tinham com outros colaboradores da emissora.
"Se ele me visse falando com uma repórter de outro núcleo, ele me chamava na sala dele e ficava me interrogando, de maneira incisiva, para saber o motivo da conversa. E ainda ameaçava me demitir caso descobrisse que eu estava compartilhando informações de alguma apuração de reportagens que estávamos preparando. E eu me recusava a dizer os teores de minhas conversas. Era como se não pudéssemos ter amizades na empresa, ou nem mesmo parar por 5 minutos para falar sobre amenidades enquanto tomava um café”, contou um dos funcionários.
Um dos casos mais graves apontados pelas supostas vítimas de Caramante foi o de um repórter que teria sido agredido fisicamente. Ainda segundo as acusações, ambos debatiam a respeito dos rumos de uma pauta ainda em processo de apuração, quando o ex-diretor teria encurralado seu funcionário contra a parede e colocado a mão em seu pescoço. O caso foi informado à direção de recursos humanos na ocasião, mas nada foi feito, ainda conforme as acusações.
Desmaio no refeitório
Outra suposta vítima chegou a desmaiar no refeitório da emissora por causa das cobranças por resultados. Ela estava em seu horário de almoço e o ex-diretor começou a insultá-la. A jornalista precisou ser socorrida pela equipe médica de plantão.
Depois de quase dez anos de denúncias, a Record decidiu pela demissão, na tarde de quinta-feira (12). A notícia foi muito comemorada pelos profissionais da emissora.
"Amanhã faremos um churrasco para comemorar essa demissão. Ele fez muita gente adoecer. Demorou para a Record tomar alguma providência, muita gente de alta competência sofreu em suas mãos”, disse uma das pessoas que denunciaram.
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