Demitida pela Globo no ano passado, depois de 25 anos como repórter, 16 deles no Rio de Janeiro, a jornalista Flávia Jannuzi, detonou o jornalismo da emissora e a propalada imparcialidade da emissora, principal porta-voz do sistema financeiro e do neoliberalismo no país.
Em entrevista a Rodrigo Mandarini, no podcast Geral Pod, Flávio afirmou que está feliz após ter deixado a Globo há cerca de um ano. Em entrevista em junho passado, ela disse que a “política de relações” seria a razão principal da saída da emissora e que não tinha "estômago de voltar na redação".
“Saí do meu trabalho, 25 anos, tô sem salário. Tô sem salário, mas estou mais feliz. Claro, a plenitude não paga conta, mas a questão de você estar feliz e ter um propósito, eu acho que te movimenta para um outro lugar, que também pode ser de prosperidade porque você começa a levar um grupo que acredita no seu projeto e as coisas vão acontecendo”, declarou ao podcast.
Em seguida, ela afirmou que se sentia mal com pautas que recebia na emissora. “A gente está em um país altamente polarizado e acho que é tão prejudicial, tão complicado. Também não quero bancar a isentona, mas não concordava com muita coisa. E é muito triste quando você passa a fazer do seu trabalho uma coisa que não acredita mais”.
A repórter ainda denunciou o que classificou como "militância" da Globo, com pedidos para "tirar o pé do acelerador".
“Então, você investiu a sua vida num sonho, numa proposta de vida, num propósito: quero ser uma comunicadora, levar reportagem bacana. Mas quando você começa a ver que tudo tem um braço da militância, [pensa] ‘opa, tira o pé do acelerador’. E começa quase uma sensação de demissão silenciosa, [penso] ‘não quero fazer isso, não me vejo fazendo isso, pra que vou fazer isso?, não acredito nisso, vou escrever sobre isso?", indagou.
Flávia ainda afirma que, ao questionar os chefes, chegou a ser retirada de pautas, quando passou a perceber que estava fazendo um "desserviço".
"Quando eu questionei, fui tirada e algumas pautas. E a gente vai ficando mais velho, vai ficando mais crítico. Aí você começa a pensar ‘caramba, estou no lugar errado, não tô fazendo o negócio certo’. Então, você começa a ver que está fazendo um desserviço”.
Veja a entrevista