A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (FENTECT) emitiu neste sábado (14) uma nota de repúdio à reportagem publicada pelo portal Poder360. Segundo a entidade, a matéria veiculada na última sexta-feira (13) tentou, de forma tendenciosa, associar o déficit dos Correios à reconquista de direitos trabalhistas garantidos em recente negociação coletiva.
O que diz a matéria do Poder360
Intitulada "Sob risco de falir, Correios gastam R$ 200 milhões em “vale peru” a matéria publicada pelo Poder360 informa que os Correios vão desembolsar cerca de R$ 200 milhões para conceder um benefício de fim de ano no valor de R$ 2.500 a cada um dos 84.700 funcionários da empresa. O pagamento, conhecido internamente como “vale peru”, faz referência ao tradicional prato servido durante as celebrações de Natal.
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A medida, divulgada pela estatal, busca reconhecer o trabalho dos colaboradores ao longo do ano e reforçar o compromisso da empresa com os benefícios sociais. O "vale peru" é um dos pagamentos extras concedidos historicamente pela empresa nessa época, acompanhando a tradição de outros setores que oferecem gratificações natalinas.
Acusações de parcialidade e manipulação
Na nota, a FENTECT classifica a reportagem como "desonesta e tendenciosa", acusando o veículo de parcialidade ao vincular os desafios financeiros da estatal à recuperação de benefícios dos trabalhadores. Para a Federação, a publicação tem como objetivo desgastar a imagem da empresa e reaquecer o debate sobre a sua privatização.
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De acordo com a entidade, a crise enfrentada pelos Correios é resultado direto de um processo de sucateamento ocorrido durante o governo de Jair Bolsonaro, com vistas à venda da estatal ao setor privado.
A nota destaca que a gestão de Floriano Peixoto, ex-presidente da empresa, promoveu cortes significativos nos direitos trabalhistas, com o apoio do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que retirou 50 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
Reconquista de direitos no governo Lula
Com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a FENTECT afirma que foi estabelecido um diálogo construtivo que permitiu a recuperação de quase 100% dos direitos retirados no governo anterior. A Federação defende que essa conquista não pode ser responsabilizada pelo déficit financeiro da empresa.
A entidade aponta, ainda, que problemas estruturais e medidas da Receita Federal contribuíram para a crise atual da estatal, destacando o papel dos trabalhadores na manutenção dos Correios, mesmo diante de tentativas de sucateamento e crises institucionais.
Reação à matéria do Poder360
A FENTECT acusa o Poder360 de disseminar informações sensacionalistas, com base em dados sigilosos obtidos de disputas internas pela liderança da estatal. Para a Federação, a reportagem busca engajamento ao promover uma narrativa que responsabiliza injustamente os trabalhadores pelo déficit da empresa.
"A manutenção dos Correios é resultado direto do compromisso dos trabalhadores, que resistiram às investidas de sucateamento promovidas pelo governo Bolsonaro", afirma a nota.
Pedido de direito de resposta
A FENTECT pede ao Poder360 um direito de resposta e uma retratação pública, considerando a matéria "um ataque infundado e irresponsável" que tenta desviar a atenção dos reais problemas enfrentados pela estatal.
A entidade reforça seu compromisso em lutar pelos direitos dos trabalhadores e pela preservação dos Correios como patrimônio público, além de repudiar quaisquer tentativas de manipular a opinião pública com objetivos políticos ou econômicos.
A entidade publicou a nota de repúdio em suas redes sociais.
Confira a nota na íntegra
Nota de repúdio ao portal de notícias Poder360, por tentar vincular o déficit dos Correios à reconquista dos direitos dos trabalhadores
A FENTECT vem a público repudiar e solicitar direito de resposta ao portal de notícias Poder360 pela matéria veiculada na última sexta-feira, 13 de dezembro, que tenta de forma editorialmente tendenciosa vincular o déficit dos Correios à recuperação dos direitos dos trabalhadores, conquistados em negociação coletiva.
Trata-se de uma matéria desonesta e tendenciosa, que revela a parcialidade desse "veículo de comunicação", o qual, nos últimos dias, tem abastecido sua plataforma com matérias sensacionalistas, com o intuito de desgastar a imagem dos Correios e reavivar o debate sobre a privatização da empresa. A imprensa tem sido alimentada com informações sigilosas por pessoas que travam disputas internas pelo controle da estatal.
A verdade é que os Correios foram sucateados no governo Bolsonaro, com o objetivo claro de entregá-los “quase de graça” ao capital privado. Durante esse período, o então presidente Floriano Peixoto, com o apoio de Ives Gandra, no TST, promoveu um dos ataques mais brutais aos trabalhadores da empresa, retirando, de uma só vez, 50 cláusulas do nosso ACT e enfraquecendo nossos direitos sociais e benefícios.
Com a eleição do presidente Lula, e após um trabalho incansável de nossa Federação para garantir essa vitória, passamos a ter um diálogo nas negociações e conseguimos recuperar quase 100% do que foi retirado durante o governo Bolsonaro, em menos de dois anos de governo.
O processo de sucateamento e manipulação dos números da empresa durante o governo Bolsonaro revela a verdadeira situação em que os Correios foram deixados. E, recentemente, medidas tomadas pela Receita Federal agravaram ainda mais essa crise. Nós, trabalhadores, somos os responsáveis pela riqueza dos Correios e, acima de tudo, pela própria existência da empresa. Não aceitaremos ataques levianos como os do Poder360, que tenta colocar na conta da recuperação dos direitos trabalhistas o déficit da empresa. Se os Correios continuam de pé, é graças ao compromisso dos trabalhadores, que resistiram bravamente a todas as tentativas de sucateamento e aparelhamento político promovido pelo governo militar de Bolsonaro.
Diante disso, a FENTECT repudia veementemente o conteúdo sensacionalista publicado pelo Poder360 e solicita o direito de resposta, bem como a retratação pública aos trabalhadores, por esse ataque infundado e irresponsável, que visa apenas levantar uma pauta sensacionalista em busca de likes e engajamento. 