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Correios na mira do Centrão e da Magalu, que contratou ex-presidente para Conselho de Administração

Alçado por Bolsonaro para privatizar Correios, o general da reserva Floriano Peixoto Vieira Neto ganhou cargo no Conselho de Administração da Magalu e estaria por trás dos ataques à empresa pública de logística, concorrente da gigante de e-commerce

Jair Bolsonaro com o general Floriano Peixoto, ex-presidente dos Correios e atual conselheiro da Magalu.Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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*Colaborou Plínio Teodoro, editor de Política da Fórum

Uma campanha orquestrada pelo grupo Magalu, que recentemente lançou uma empresa - a Magalog - concorrente dos Correios, foi colocada em marcha para tentar manchar a credibilidade da empresa pública de logística e de seu presidente, Fabiano Silva Santos, que assumiu o cargo durante o governo Lula.

Indicado pelo grupo Prerrogativas, Santos substituiu o general da reserva Floriano Peixoto Vieira Neto, que foi dispensado da quarentena e, em dezembro de 2023, ganhou um cargo no Conselho de Administração da Magalu.

Após a ascensão do militar incumbido por Jair Bolsonaro (PL) de privatizar os Correios, a Magalu - via Poder 360 - iniciou a série de ataques aos Correios e a Fabiano Silva, com chamadas sensacionalistas sobre assuntos pendentes na estatal. 

Alvo de uma série de "reportagens" negativas do Poder 360, os Correios viraram alvo de cobiça de um conluio especulativo que une políticos do Centrão, a gigante de e-commerce e o próprio site, que desde 2021 tem como sócio Frederico Trajano, filho de Luiza Trajano e CEO da empresa da família desde 2016.

Empresa pública de logística, que foi tirada da lista de privatizações de Bolsonaro logo no início do governo Lula 3, os Correios são alvo de cobiça justamente por atuar em um setor essencial para as gigantes de e-commerce, que tem na família Trajano um de seus principais atores.

O próprio Poder 360 informou, em 31 de outubro, que o Grupo Magalu havia acabado de lançar o Magalog, empresa de logística que, segundo apurou esse blog, teria interesse em expandir seus tentáculos sobre os Correios.

Diante da decisão de Lula de não vender a estatal, a Magalu tem lançado uma série de ataques aos Correios, direcionados principalmente a seu presidente, Fabiano Silva dos Santos, divulgados pelo Poder 360 - e que, pela fragilidade, sequer ganham repercussão em outros veículos da mídia liberal.

Pouco mais de uma semana após o lançamento da Magalog, o Poder 360 atacou a estatal dizendo que "Correios desistem de ação de R$ 600 mi para pagar funcionários".

A "reportagem", ilustrada com uma foto de Santos ao lado de Lula, diz que "em atitude atípica se fosse na iniciativa privada, gestão atual preferiu não recorrer em processo milionário no TST em 2023" e que "numa manobra contábil, colocou o passivo no balanço de 2022".

Em nota, os Correios mostram que o Poder mentiu no ataque, já que a decisão da Justiça já havia sido revisto pela Justiça em 2021, quando o general bolsonarista estava no comando da empresa - "ocasião em que definiu-se pela tese desfavorável aos Correios e a decisão teve efeito vinculante para todas as demais decisões no âmbito do TST sobre esse tema".

Os Correios ainda rebaterem o que o site da Magalu classificou como "manobra contábil". 

"Se houve “manobra contábil”, não foi na atual gestão. A atual diretoria dos Correios segue estritamente as normas estabelecidas. A atual gestão tomou as providências corretas, provisionando o valor dentro do processo normal de fechamento do balanço de 2022, que estava em andamento", diz o texto - leia a íntegra.

Assédio?

Em 29 de novembro, o site proferiu um novo ataque sobre um ilusório assédio do atual presidente sobre um funcionário da empresa, que "alegou ter sofrido perseguição desde outubro de 2023, quando fez críticas à política comercial da empresa em uma reunião".

Segundo o próprio site, que não revelou a identidade do denunciante, o funcionário "ocupava o cargo de superintendente executivo do departamento de segurança postal internacional" e teria perdido o cargo após críticas. O caso gerou uma condenação em primeira instância, que será contestada pela empresa.

“Não houve perseguição. A política comercial da empresa, herdada do governo anterior, foi alterada pela atual gestão em 2024 – antes disso, os Correios estavam proibidos de fazer a alteração por força de um termo assinado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) pela gestão passada", informaram os Correios, desmentindo a fake News.

Alvo da "reportagem" - que aparece ao lado de Lula na foto em destaque - o presidente da estatal sequer conhecia o funcionário, segundo apurou esse blog.
 

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