Escrita por Walcyr Carrasco, a novela das nove “Terra e Paixão” é um dos assuntos mais comentados dessa semana. A história dos embates entre Antônio La Selva, Caio e Aline vai se encerrar nesta sexta-feira (19) e a propriedade rural conhecida como Fazenda Annalu, local onde ocorreram as gravações, está sendo investigada por diversos infrações ambientais.
Entre eles, despejo ilegal de agrotóxicos, desmatamento, sonegação de impostos no valor de 79 milhões e desvio do curso de rio. As informações são do observatório De Olho nos Ruralistas, que obteve acesso ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), elaborado em março de 2022 pelo Ministério Público do Mato Grosso do Sul (MPMS), antes do início da produção da novela.
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O imóvel coordenado por Aurélio Rolim Rocha, jovem titular da pasta de Agricultura no governo de Jair Bolsonaro e diretor do grupo Valor Commodities, possui mais de 50 mil hectares no estado. Na época, o documento do MP exigia a "outorga do direito do uso de recursos hídricos e a regularização ambiental da atividade de piscicultura explorada na propriedade", a "promoção da recuperação ambiental de toda a área de 335,34 hectares (20,6% de toda a propriedade)”, “"a recuperação ambiental da Área de Preservação Permanente das margens do Rio Dourados" e "a regularização ambiental da atividade de pecuária explorada na propriedade".
Irregularidades
Para estabelecer a aquicultura, foram realizadas múltiplas intervenções no leito de um córrego na região do Rio Dourados. Conforme evidenciado por imagens do Instituto do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (Imasul), houve uma modificação significativa no curso d'água. Além disso, a propriedade rural ainda emprega a prática de pulverização intensiva de agrotóxicos para a monocultura de grãos, impactando propriedades nas vilas agrícolas próximas.
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Quanto à criação de gado e à construção de depósitos e melhorias na propriedade, há um carecimento de regulamentação ambiental e licença adequadas, isto é, a área destinada à reserva ambiental, que deveria abranger 20%, está registrada em apenas 7,5%. Após dois anos, quase nada foi feito.
79 milhões em sonegação de impostos
No ano de 2019, Aurélio Rocha e o empresário Roberto Ferreira foram sentenciados a seis anos e nove meses de prisão em regime semiaberto por terem cometido sonegação fiscal no valor mínimo de R$ 79 milhões em impostos federais. As acusações remontam a 2005, quando as investigações foram iniciadas. Nilton Rocha Filho e Nilton Fernando Rocha, respectivamente pai e irmão de Aurélio Rocha, foram também mencionados no contexto das investigações.
A família gerencia o Grupo Valor, uma empresa voltada para a produção agrícola. No início das investigações, a empresa era conhecida como Campina Verde. Contudo, em fevereiro de 2020, houve uma alteração no nome. O portal De Olho nos Ruralistas encaminhou perguntas aos representantes do Grupo Valor Commodities, ao Imasul e à Rede Globo. Até o encerramento desta matéria, não houve resposta. O espaço na Fórum também segue aberto para possíveis manifestações.