VALE TUDO DA TRANSFOBIA

Não, pessoas que “se identificam como cachorros” não se reuniram em protesto em Berlim

Fake news espalhada por sites se trata, na verdade, de um festival de fetiches sexuais anual na capital

Cena do vídeo polêmico.Créditos: Reprodução de vídeo
Escrito en MÍDIA el

Se espalhou pelas redes sociais uma fake news de que pessoas que “se identificam como cães” protestaram por direitos em um encontro em Berlim, na Alemanha. Diversos sites noticiaram o ocorrido, explicando que as pessoas “se sentem como animais” e “gostariam de ser reconhecidas socialmente por isso”.

No vídeo em questão, que bombou na web, pessoas com máscaras e em posições que lembram a de cachorros aparecem uivando e latindo repetidamente.

O tal protesto é, na verdade, um festival de fetiches sexuais que acontece em Berlim anualmente há 20 anos, chamado Folsom Europe. As imagens são da edição de 2023 do evento, ocorrido no último dia 9 de setembro.

O que explica o vídeo

O vídeo viral mostra, na verdade, um tipo de frequentadores do festival, aqueles que gostam do chamado “puppy play”, isto é, um fetiche sexual em que a pessoa submissa se caracteriza como um animal de estimação, daí os uivos e latidos.

O Folsom se popularizou ao promover um espaço para que as pessoas adeptas ao BDSM e outros tipos de fetiches sexuais pudessem se expressar. No site do evento, há, inclusive, um destaque para os chamados “puppies”. Eles explicam que “não dá para negar que os puppies estão crescendo” e, por isso, haverão novos “eventos voltados a esse grupo”.

Como surgiu a fake news

Ao ver as notícias, internautas prontamente identificaram a fake news.

“Esse vídeo tirado de contexto parece ter se espalhado em redes ‘antiwoke’ e antitrans antes de chegar à mídia mainstream, que prontamente resolveu faturar cliques, sem perceber ou ligar que essas publicações distorcidas normalmente têm uma agenda sinistra por trás”, disse um dos usuários do X (antigo Twitter).

Nesta terça-feira (19), o vídeo com as informações falsas foi noticiado em uma matéria do New York Post. Na quinta (21), diversos veículos da mídia nacional, como CNN e Uol, decidiram replicar a notícia como verdadeira.