Conhecer alguém, manter contato, criar intimidade e partir para um relacionamento não é uma tarefa simples e algumas ferramentas com a função de ajudar a realizá-la, como aplicativos de paquera, podem prolongá-la ainda mais.
O Tinder e o Grindr são reconhecidos por seus usuários muito mais para simplesmente "dar like" e elevar a autoestima ao saber que alguém te curte do que para conhecer alguém, de fato. Além disso, a busca por casualidade nos apps pode desinteressar quem gostaria de uma relação mais substancial.
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Pensando nisso, algumas pessoas mudaram seu jeito de interagir nas redes para encontrar seu par romântico: é o caso de Connie Li, uma engenheira de software de 33 anos, que teve a ideia de criar um texto que abordava seu jeito de ser no aplicativo "Notion" (um software similar ao Google Docs).
O documento gerado por Li, chamado de "docs de namoro", surtiu efeito e a engenheira começou a receber mensagens em suas mídias sociais. Para ela, embora ainda esteja presente nos apps de relacionamento, a dinâmica de "matchs" não agrada.
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“Existe algo meio idiota em ‘docs de namoro’ que me lembra os primórdios da internet”, disse a mulher ao The New York Times, se referindo aos portais de relacionamento antigos, como o Bate-Papo UOL.
Funcionando de uma maneira mais orgânica do que os algoritmos das redes, com mais conteúdo e com certo tom de ironia, o docs de namoro lembra os antigos anúncios de jornais em busca de um amor e já é uma função adotada por uma parcela de pessoas.
De acordo com Connie, em um período de quase um ano, a mulher já participou de 15 primeiros encontros, após a encontrarem pelo docs de namoro. A ferramenta é utilizada da seguinte forma: o texto escrito pelo usuário é disponibilizado para visualização para qualquer pessoa que obter o link do docs.
A Pew Research Center realizou uma pesquisa sobre esse novo tipo de interação e constatou que o número de pessoas que utiliza o docs de namoro ainda é pequeno se comparado aos cadastros de usuários em apps de relacionamento – cerca de 1/3 dos adultos estadunidenses, e se restringe aos profissionais da indústria tecnológica.
Um dos criadores de docs de namoro levantou a quantidade de 100 perfis da prática, originários de cidades como Toronto, Dayton, Ohio, Denver Seattle, Ottawa, Los Angeles e até São Paulo.
A maioria desses documentos possui informações básicas, como idade, orientação sexual, dentre outras preferência. A aparência pode variar de um texto mais dinâmico, com mídias inclusas e recursos diversos, até um modelo extenso similar ao currículo.
Por conter mais informações e gerar um conhecimento maior ao pretendente, os encontros costumam ser mais agradáveis, pois "já há muita coisa compartilhada", segundo José Luis Ricón, de 30 anos, funcionário de uma startup no Vale do Silício.
A característica principal que torna o docs de namoro uma alternativa atraente aos apps de relacionamento é justamente sua capacidade de abordar a busca por um parceiro de forma menos imediatista e superficial, como um simples gesto de "arrasta para o lado se gostou do meu perfil".