INDENIZAÇÃO

Globo é processada acusada de transfobia em reportagem do Fantástico

A ação milionária foi movida pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo e alega que a emissora utilizou termo preconceituoso

Na época da reportagem, o Fantástico era apresentado por Tadeu Schmidt e Poliana Abritta.Créditos: Reprodução/TV Globo
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A Defensoria Pública do Estado de São Paulo processou a Globo sob a acusação de ter exibido, no programa Fantástico de 2019, uma reportagem que utilizou um termo transfóbico.

A denúncia afirma que a atração foi preconceituosa para se referir a um homem transexual, morto em 2018. A Globo, por sua vez, procura uma conciliação para evitar desembolsar R$ 1 milhão de indenização.

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Na intimação, a qual o Notícias da TV teve acesso, o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat) disse que a emissora desrespeitou Lourival Bezerra quando o chamou de “uma mulher que se passava por homem”, quando deveria ter usado homem transexual. A audiência de conciliação será no dia 31 de agosto.

A apresentadora Poliana Abritta, que à época comandava o Fantástico com Tadeu Schmidit, afirmou na chamada da reportagem: “Você vai conhecer hoje o segredo de Lourival. Mulher se passa por homem durante 50 anos. Nem a família sabia”.

O Jornal Anhanguera 1ª Edição, telejornal da TV Anhanguera, afiliada da Globo em Goiás e Tocantins, exibiu a matéria um dia após o Fantástico.

Lilian Lynch, apresentadora do telejornal da afiliada, repetiu os termos considerados transfóbicos pelo Ibrat. “Um segredo íntimo, guardado por muitos anos, traz problemas agora para uma mulher que passou a vida inteira vivendo como homem”, disse ela.

O pivô do processo

Lourival Bezerra de Sá morreu em 2018, aos 78 anos, depois de sofrer um infarto. Os socorristas que o atenderam observaram logo que ele era um homem transexual.

Em seguida, as investigações concluíram que todos os documentos dele com o nome masculino eram falsos.

Ele morava com uma mulher e adotou os filhos da companheira. Porém, ambos nunca tiveram relações sexuais. A família também não desconhecia que Lourival tinha nascido com o gênero feminino.

A polícia apurou que ele tinha sido registrado como Enedina Maria de Jesus. As autoridades ainda investigam se o caso se tratava, de fato, de uma questão de identidade transgênero, ou se Lourival omitiu de todos sua condição com o objetivo de para esconder um suposto crime do passado.