A CNN Brasil, após divulgar uma notícia falsa sobre a estatal ucraniana de aviação Antonov e supostos investimentos bilionários em São Paulo que teriam sido suspensos após declarações do presidente Lula sobre a guerra Rússia-Ucrânia, pediu desculpas à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), comandada por Paulo Pimenta, no rodapé de uma matéria publicada em seu site.
A partir de informações supostamente repassadas pelo governo de São Paulo, comandado pelo bolsonarista Tarcísio Gomes de Freitas, a CNN veiculou entre esta terça (25) e quarta-feira (26) matérias informando que a Antonov suspendeu um investimento de US$ 50 bilhões no Brasil para a fabricação de aeronaves após declarações de Lula sobre o conflito no Leste Europeu.
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Segundo a emissora, representantes da Antonov estiveram no Palácio dos Bandeirantes recentemente para negociar o investimento bilionário e, dias depois, a empresa teria enviado um e-mail ao Executivo paulista informando que suspenderia as tratativas, motivada por falas de Lula que teriam sido interpretadas como pró-Rússia.
A CNN informou, ainda, que a Antonov foi representada nas negociações com o governo de São Paulo pelo escritório Kuntz Advocacia e Consultoria Jurídica.
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A notícia, entretanto, é falsa. Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (26), a Antonov desmentiu a CNN e o governo paulista afirmando que sequer possui representantes no Brasil.
"A ANTONOV Company declara oficialmente que realiza constantemente consultas com parceiros estrangeiros de vários países, incluindo a República Federativa do Brasil, como parte de suas atividades visando a promoção de produtos e serviços no mercado externo. No entanto, a ANTONOV Company não possui um representante autorizado no Brasil e não concedeu a quaisquer pessoas, incluindo escritórios de advocacia, qualquer autoridade para representar os interesses da Empresa", diz um trecho do comunicado.
Diante da exposição da fake news, Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secom do governo Lula, foi às redes sociais criticou a CNN Brasil por ter divulgado uma notícia falsa sem sequer ter ouvido a administração federal.
"Publicar notícia falsa sem ouvir os dois lados é jornalismo? Usar um site oficial de um governo de estado para ‘esquentar’ uma Fake News é honesto? É jornalismo ? Onde eu estudei, na UFSM, e me formei jornalista, aprendi que isso não é jornalismo", escreveu o ministro.
A CNN, então, pediu desculpas a Pimenta no rodapé de uma matéria sobre a nota em que a Antonov desmente a informação sobre a suposta suspensão do investimento no Brasil.
"Erramos: em uma falha de procedimento, a CNN não procurou, antes da publicação da reportagem, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, à qual pedimos desculpas pelo erro", diz a emissora.
Confira a íntegra da nota oficial da Antonov sobre o caso
“Atualmente, os meios de comunicação da República Federativa do Brasil estão compartilhando informações falsas de que a ANTONOV suspendeu as supostas negociações sobre o suposto lançamento da produção de aeronaves no Brasil.
A ANTONOV declara oficialmente que realiza constantemente consultas com parceiros estrangeiros de vários países, incluindo a República Federativa do Brasil, como parte de suas atividades visando a promoção de produtos e serviços no mercado externo.
No entanto, a ANTONOV não possui um representante autorizado no Brasil e não concedeu a quaisquer pessoas, incluindo escritórios de advocacia, qualquer autoridade para representar os interesses da Empresa.
A ANTONOV enfatiza seu interesse no desenvolvimento da cooperação com a República Federativa do Brasil no campo de tecnologias de aviação e apreciará as iniciativas oficiais da parte brasileira no que diz respeito ao estabelecimento de cooperação mutuamente benéfica.
Assim, a reportagem da imprensa brasileira não representa o posicionamento oficial da empresa ANTONOV.
A fim de evitar manipulações e o agravamento da parceria internacional, bem como levando em consideração a atual situação internacional causada pela invasão em grande escala da Federação Russa na Ucrânia, a ANTONOV solicita gentilmente aos meios de comunicação de massa que verifiquem cuidadosamente as informações relacionadas aos atividades, que foi recebido de outras fontes.”