CONTA NÃO EXISTE MAIS

Perfil no Twitter da editora-executiva do Estadão que expôs salário de servidor sai do ar

Andreza Matais, após defender fake news difundida por seu jornal e ser rebatida por servidor da Secom, relatou que teve sua conta no site Gov.Br invadida por criminosos

A jornalista Andreza Matais.Créditos: Reprodução/Youtube
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Em meio à polêmica sobre a fake news disparada pelo jornal Estadão sobre uma inexistente atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para liberar um empréstimo à Argentina, a editora-executiva do periódico paulista, Andreza Matais, teve sua conta no X, o antigo Twitter, deletada. 

Ao tentar acessar o perfil da jornalista, consta a mensagem "essa conta não existe". Não é possível confirmar se a editora decidiu suspender sua página ou se sua rede social foi invadida. Isso porque na parte da manhã ela relatou que hackers entraram em sua conta no site Gov.Br e ameaçaram expor seus dados de declaração de Imposto de Renda. 

Andreza foi alvo de inúmeras críticas após insistir na defesa da reportagem em questão, mesmo após o conteúdo ter sido desmentido pelo governo federal com dados concretos. Uma dessas críticas partiu do jornalista George Marques, que é servidor público e atua como assessor na Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). 

Revoltada com a acusação de ter divulgado fake news, ela chegou a expor o salário de George Marques para os usuários da rede social ao comentar um desmentido do assessor. 

“Atenção! A decisão de empréstimo de 1 bilhão de dólares do CAF à Argentina foi tomada pela diretoria do banco, composta por países membros, e não teve interferência do presidente Lula. Verifique os fatos e espalhe a verdade”, escreveu George no X

Andreza Matais, então, comentou: “11.306,90”, o salário do assessor. Indignado, George questionou: “O que significa isso?”. Mas recebeu o silêncio da editora-executiva.

Confira: 

Reprodução/X

Fake news do Estadão 

A Secretaria de Especial de Comunicação da Presidência da República (Secom) divulgou, nesta quarta-feira (4), uma nota em que desmente uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo, assinada por Vera Rosa, sobre um empréstimo à Argentina. Segundo a matéria, o presidente Lula teria atuado diretamente para emprestar US$ 1 bilhão ao país vizinho com o objetivo de ajudar o ministro da Economia e candidato peronista à presidência, Sergio Massa, e impedir a vitória do extremista de direita Javier Milei. 

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, também desmentiu o conteúdo da matéria do Estadão em entrevista à CNN Brasil. Isso porque a reportagem do jornal paulista afirma que a ministra teria recebido um telefonema de Lula no qual o presidente teria pedido para que ela liberasse o empréstimo à Argentina através da Comunidade Andina de Fomento (CAF), também conhecida como Banco de Desenvolvimento da América Latina. Tebet é a governadora brasileira no banco multilateral. 

“Lula não me ligou (...) Despachei com minha secretária de assuntos internacionais, que disse que os demais países votariam a favor", disse Tebet.

A ministra se refere à votação feita pelos países membros do CAF com relação a um empréstimo solicitado pela Argentina no valor de US$ 1 bilhão para suprir sua escassez de reservas. Segundo o Estadão, Lula teria atuado diretamente para conceder o empréstimo à Argentina, mas isso não é verdade. A liberação do valor foi aprovada em 28 de julho pelos países que compõem o banco com 19 votos dos 21 possíveis. 

"Diferentemente do que vem sendo repercutido, o empréstimo de 1 bilhão de dólares feito pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) não teve intervenção do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Também ao contrário do informado, o Chefe de Estado brasileiro não conversou sobre o empréstimo com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet", diz um trecho da nota da Secom.

O governo brasileiro explica que a Argentina apresentou o pedido de empréstimo-ponte à instituição financeira, que por sua vez convocou os países acionistas do banco para apreciar o pedido em julho de 2023.

"O Brasil possui 8,8% do capital da instituição e é seu quarto maior acionista, atrás de Colômbia, Peru e Argentina. O CAF é um banco multilateral de desenvolvimento, hoje com uma carteira ativa de mais de US$ 4 bilhões de empréstimos para o Brasil. A decisão pelo empréstimo do CAF à Argentina foi aprovada em 28 de julho pela diretoria do banco formado pelos países membros. O empréstimo foi aprovado com 19 votos dos 21 possíveis. O Brasil possui um voto, enquanto outros cinco países (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) possuem dois votos", prossegue o comunicado do Palácio do Planalto.

Além do empréstimo à Argentina não depender exclusivamente do governo brasileiro, o país vizinho já quitou totalmente a dívida com o banco multilateral, em 25 de agosto - 5 dias antes do previsto.