GABRIEL LUIZ

ABI: Ataque a repórter da Globo se insere em cenário violento estimulado por Bolsonaro

Entidades cobram apuração rigorosa do episódio; Gabriel Luiz denunciou clube de tiro três dias antes do crime

Créditos: TV Globo/Reprodução
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A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) manifestaram preocupação com o ataque ao repórter Gabriel Luiz, editor do DFTV da TV Globo de Brasília, que foi esfaqueado por dois homens no fim da noite de quinta-feira (14) na porta do prédio onde mora, na capital federal. As entidades cobram apuração rigorosa do crime.

"Diante do ataque sofrido na noite desta quinta-feira, em Brasília, pelo repórter da TV Globo Gabriel Luiz, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) pede a apuração rigorosa do crime. Gabriel levou cerca de dez facadas no pescoço, no abdômen, no tórax e na perna e está internado no hospital em estado muito grave", disse a ABI em nota.

A associação destacou que os pertences do jornalista não foram levados no crime, o que é um indício de que não tratou-se de um assalto. A ABI destaca que o atentado acontece em meio a um cenário de hostilidade e violência contra jornalistas que é estimulado diretamente pelo governo Jair Bolsonaro (PL).

"Não se sabe ainda se o crime – gravado por câmeras de vídeo – tem relação com a atividade profissional de Gabriel, mas ele se insere num quadro inaceitável de hostilidade a jornalistas e de crescimento da violência no País, estimulado pelo governo federal", afirma a ABI.

A Abraji também destacou que "a motivação do crime também não foi esclarecida" e ressaltou que "a violência empregada contra a vítima e o local onde o crime ocorreu, uma região de baixa criminalidade". "A Abraji repudia a violência cometida contra o jornalista e pede rigor por parte das autoridades do Distrito Federal na apuração do episódio, com especial atenção para a possibilidade de o crime ter ocorrido em decorrência do exercício da profissão. Gabriel Luiz tem histórico de reportagens investigativas", disse a entidade.

Assim como a ABI, a Fenaj apontou que há uma escalada de violência contra profissionais de imprensa. "Diante da escalada da violência contra jornalistas no Brasil, é preciso uma averiguação criteriosa da motivação do crime, para que seja esclarecido se está vinculado ao exercício profissional. A FENAJ reitera seu repúdio à violência, em especial a praticada contra profissionais da imprensa, que cumprem o importante papel de levar informações verdadeiras à sociedade. Solidarizamo-nos com Gabriel Luiz e seus familiares", declarou a Fenaj em nota.

Repórter da Globo esfaqueado denunciou clube de tiro quatro dias antes do ataque

O repórter Gabriel Luiz, editor do DFTV da TV Globo de Brasília, que foi esfaqueado por dois homens no fim da noite de quinta-feira (14) na porta do prédio onde mora, na capital federal, fez uma matéria na última segunda-feira (11) denunciando o funcionamento perigoso de um clube de tiro em Brazlândia, uma região administrativa do Distrito Federal. A Polícia Civil do DF investiga várias linhas como motivação para o crime e, conforme apurado pela reportagem da Fórum, essa é uma delas.

Inaugurado recentemente, o estande de tiro fica às margens da BR-251 e tem deixado moradores da vizinhança desesperados, já que as balas saem do que deveria ser um perímetro de segurança, atingindo lotes residenciais e rurais nos arredores. A população local mostrou dezenas de projéteis de revólveres, pistolas e fuzis, assim como os furos em paredes e árvores dos imóveis.

Após a reportagem de Gabriel Luiz, o clube de tiro foi interditado pelo Exército.