O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) ofereceu à Justiça, nesta quinta-feira (31), denúncia contra o comentarista Adrilles Jorge por conta do gesto nazista que fez em fevereiro durante transmissão ao vivo da Jovem Pan News.
Desde o ocorrido, o Grupo Especial de Combate ao Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi) da procuradoria se debruçou sobre o caso, e concluiu que Adrilles, de fato, teve a intenção de fazer a saudação Sieg Heil, uma das mais conhecidas do nazismo e que era utilizada por Adolf Hitler e seus apoiadores.
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Segundo o MP, o comentarista, que é ex-participante do Big Brother Brasil (BBB), deve responder por violação à Lei 7716/89, que estabelece pena de um a três anos de reclusão e multa a quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Segundo Maria Fernanda Balsalobre Pinto, promotora de Justiça que assina a denúncia, Adrilles fez a saudação logo após tentar comparar o nazismo com o comunismo, "revelando, pelo gesto, a própria preferência dentre os regimes".
"Importa anotar que não se trata de analisar o mérito dos argumentos do denunciado, mostrando-se irrelevante qualquer discussão ideológica no âmbito do direito penal, sendo certo que o contexto guarda relevância tão somente para evidenciar que o gesto externalizado é a saudação nazista Sieg Heil, a qual encontra subsunção penal em razão do conteúdo inerente, cujo significado era de pleno conhecimento do ora denunciado ao tempo da conduta", escreve ainda a promotora.
Adrilles nega que tenha feito gesto nazista.
Demissão fake
No dia 28 de março, quase 50 dias após a transmissão em que fez o gesto nazista, Adrilles voltou à programação da Jovem Pan News.
O ex-BBB foi afastado da emissora após fazer saudação nazista no dia 8 de fevereiro. Em nota divulgada na época, a Jovem Pan disse repudiar qualquer manifestação em defesa do nazismo e suas ideias e que os comentaristas têm liberdade para emitir opiniões, desde que dentro dos limites da lei.
O comentarista Diogo Schelp, que também estava presente no programa, afirmou nas redes sociais que sentiu “repulsa” ao ver que o gesto foi associado ao nazismo. "O que posso dizer é que me provoca repulsa, por tudo o que já pesquisei e escrevi sobre o assunto, ver minha imagem na tela ao lado de um gesto que foi interpretado, corretamente ou não, como uma saudação nazista", escreveu no Twitter.
Adrilles chegou a dizer nas redes sociais que foi demitido. "Fui demitido da Jovem Pan. Por dar um tchau deturpado por canceladores. Infelizmente a pressão de uma turba canceladora e sua sanha de sangue surtiram efeito. Agradeço a Jovem Pan pela oportunidade e a todos os amigos q lá conquistei e que em mim confiam e apoiam", escreveu.
Segundo o colunista Ricardo Feltrin, isso nunca aconteceu. O bolsonarista continuou recebendo seu salário e aparecendo eventualmente na sede do canal. O afastamento teria ocorrido apenas para evitar uma repercussão negativa para a TV.