O jornalista André Junqueira, repórter do portal G1, foi intimidado, ameaçado e xingado por policiais militares e bombeiros durante uma manifestação em Belo Horizonte (MG) na tarde desta segunda-feira (21). A categoria deflagrou greve, exigindo o reajuste salarial prometido pelo governador Romeu Zema (Novo) em acordo feito em 2019.
Junqueira tentava cobrir a manifestação dos policiais e bombeiros, mas foi expulso do local sob xingamentos e ameaças. Um vídeo que mostra o momento da hostilização ao jornalista permite ouvir, ao fundo, barulhos de artefatos explodindo.
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"Não vai cobrir p*rra nenhuma!", dizia um dos agentes que compunha a manifestação enquanto o repórter era expulso do local. Assista abaixo.
Sindicatos repudiam e associam violência ao governo Bolsonaro
Em nota divulgada no início da noite desta segunda-feira (21), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) repudiaram a intimidação e ameaças dos policiais contra o jornalista André Junqueira.
"O cerceamento ao trabalho de equipes jornalísticas, bem como as agressões a trabalhadores da notícia, aumentaram exponencialmente nos últimos anos, principalmente com a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência, em 2018. Propagador de notícias falsas, o presidente busca não só desqualificar o trabalho da imprensa, como também ofende verbalmente jornalistas e incentiva agressões contra a categoria", diz um trecho da nota.
"Não é surpresa que justo no protesto de policiais e bombeiros, categorias que compõem boa parte do eleitorado de Bolsonaro, a violência contra jornalistas seja reproduzida, como sempre ocorreu em manifestações favoráveis ao presidente. E a maior contradição está no fato de tais categorias apoiarem um presidente e um governador, Romeu Zema (Novo), que mais retiraram direitos da classe trabalhadora. O governador de MG, por exemplo, não paga o piso salarial dos professores do Estado", prosseguem as entidades.
Confira a íntegra da nota aqui.
Greve de PMs em MG
Agentes de segurança de Minas Gerais, policiais militares, civis, agentes funerários e bombeiros, promoveram nesta segunda-feira (21) uma enorme paralisação em Belo Horizonte exigindo reajuste salarial prometido pelo governador Romeu Zema (Novo) em acordo feito em 2019. O protesto foi marcado por gritos contra Zema e contra o ajuste fiscal implementado pelo estado. No final da tarde, a categoria decidiu deflagrar greve.
O estopim da crise entre a PM e o governador foi o veto do reajuste prometido por ele após acordo feito com a categoria em 2019. Ficou acertado que em 2020 haveria um reajuste de 13%, seguidos de dois de 12%, em 2021 e 2022. Estes últimos foram travados por travado por Zema após a Assembleia Legislativa já tê-los aprovado. Zema quer impor um Regime de Recuperação Fiscal (RRF) que afeta o salário dos servidores. Professores e outros profissionais da carreira pública já haviam aprovado indicativo de greve.
Segundo o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindipol), agentes de todo o estado participaram da mobilização em Belo Horizonte. "Todas as categorias deliberaram: Paralisação total das forças de segurança até o pagamento da recomposição das perdas inflacionárias!", diz postagem feita pelo sindicato nas redes.
A greve, então, foi oficializada na tarde desta segunda. Os grevistas afirmam que só conversam com o governo caso a recomposição salarial não entre no Regime de Recuperação Fiscal (RRF).