Até mesmo Merval Pereira, porta-voz político da família Marinho, acredita que "tudo parece se encaminhar para uma vitória do ex-presidente Lula na eleição presidencial de outubro".
Em artigo no jornal O Globo nesta terça-feira (1º), o jornalista pede para Jair Bolsonaro (PL) "sair do páreo" e se lançar candidato ao Senado.
"Eleito senador, Bolsonaro poderia liderar a oposição. Derrotado, pode ir para a cadeia. Sua saída do páreo mudaria a cena eleitoral", escreve Merval, na esperança de dar uma sobrevida à chamada terceira via, que nem a ele empolga mais.
"O governo de Bolsonaro é tão desastroso e pernicioso ao país que se torna palatável qualquer candidato que possa derrotá-lo. Se a terceira via não conseguir se organizar, como tudo indica, Bolsonaro irá para o segundo turno perder para Lula. Mesmo porque, não há candidato na oposição que empolgue o eleitorado", relata.
Admitindo a vitória do petista, o colunista da Globo diz que "Lula está fazendo tudo certo", antes de destilar seu rosário de lágrimas sobre a "turma mais radical" e implorar para que o ex-presidente não "assuste" a classe média.
"Claramente, a esquerda está se precipitando, dando como certa vitória, e, Lula já entendeu, está assustando a classe média", diz Merval, após elencar propostas de "petistas da Velha Guarda".
"Os petistas da velha guarda, como José Dirceu, Dilma Rousseff, Guido Mantega, Gleisi Hoffmann, José Genoino e Franklin Martins, andaram discorrendo sobre planos polêmicos como interferir no currículo das escolas militares, alteração nos critérios de promoção de oficiais superiores, controle social da mídia, retorno da política econômica criativa, mudança da reforma trabalhista, fim do teto de gastos, e assim por diante", lista.
O ranço de Merval ainda se mostra em frases como "não adianta querer dizer que foi absolvido das acusações que o levaram para a cadeia, porque não foi", mas o colunista da Globo admite que "o ato é que é mais fácil acreditar num governo Lula equilibrado ao centro do que numa mudança de Bolsonaro".
"Pela primeira vez em muito tempo, discute-se um programa comum a diversas forças que poderão compor o eventual governo petista. O difícil é acreditar que tudo isso seja verdade, embora, a seu favor, Lula tenha o precedente do primeiro governo", escreve o porta-voz dos Marinho.