Demétrio Magnoli publicou um texto na Folha nesta terça-feira (27), em que faz uma série de arrazoados para demonstrar que errou ao ter apoiado o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. O erro, no entanto, de acordo com ele, foi político, mas insiste que o impeachment foi “legal”. Não se tratou de um golpe, alerta o articulista.
O jornalista começa seu texto lembrando que em março de 2016, publicou uma coluna intitulada ‘Impeachment, urgente!’. Seu texto parte de uma iniciativa inspirada no New York Times, em que “a Folha convidou seis de seus colunistas a revisitarem erros e opiniões superadas que foram publicados em suas colunas ao longo dos anos”.
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De acordo com Magnoli, o Planalto transformava-se naquele período, “num santuário destinado a proteger o ex-presidente do sistema judicial. A democracia, concluí, precisava cortar pela raiz a deriva autoritária”.
Acusação verdadeira
Para ele, “a acusação formal que provocou a queda de Rousseff era verdadeira: as ‘pedaladas’ violaram a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas, como escrevi em fevereiro de 2015 (na coluna ‘A hora e a história’), o desvio não valia um remédio tão extremo”.
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Após uma saraivada de críticas à política econômica de Dilma, pergunta: “contudo, o que fazer diante de uma presidente e um partido dispostos a confrontar o sistema de justiça?”
Magnoli diz que era desconhecido na época que “Moro e seu Partido dos Procuradores guiavam-se por um projeto de poder”, na Operação Lava Jato. “Mas a corrupção desenfreada na Petrobras não o era. Mesmo assim, o certo teria sido seguir criticando a saída do impeachment”, prossegue.
“O impeachment trouxe consequências funestas”, assume o colunista. “Numa ponta, fortaleceu os conspiradores da Lava Jato que, com o auxílio de um STF rendido, encarceraram Lula e destruíram tanto o PSDB quanto o governo Temer. Moro et caterva abriram as portas para a ascensão de Bolsonaro”, lamenta.
"Golpe do impeachment? Não"
Magnoli, no entanto, não se rende. Afirma que chama o impeachment de golpe “é uma narrativa política esperta, destinada a reescrever a história do lulopetismo. O impeachment subordinou-se ao rito legal, supervisionado pelo STF —como, aliás, no caso de Collor”.
E encerra: “legítimo e legal, o impedimento de Rousseff foi um erro político grave. Entendi isso no começo. Depois, fui tragado pelo turbilhão. Mea culpa.”