Primeira mulher a comentar uma Copa do Mundo, atuando ao lado de Galvão Bueno nas transmissões da Globo no Catar, Ana Thais Matos disse em entrevista ao jornal O Globo que sofreu muito como alvo de discursos de ódio nas redes por trabalhar como jornalista na cobertura de futebol.
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"Já sofri muito, sem exagero algum. Já liguei para amigos de madrugada perguntando o que eu fiz para ser odiada por quem não me conhece. De 2020 para cá, comecei a entender que as pessoas na internet precisam mais de mim, no sentido de me jogar hate, do que o contrário. Comecei a me distanciar e a entender que era aquilo. Fiz e faço muita terapia. A terapia salvou minha vida. Não fosse isso, eu não teria superado a carga dos últimos anos", contou.
Portagonista das acusações de machismo de Galvão Bueno nas transmissões, Ana Thais publicou fotos com o locutor da Globo nas redes e diz que busca segurança "no que eu era e no que eu me tornei".
"Nós somos educadas para sermos inseguras. Uma mulher confiante é rapidamente tirada de arrogante. Quando a insegurança bate, eu olho para o lado e penso no que eu era e no que eu me tornei. Procuro focar no que sou boa. Encontro conforto nas minhas potências, que são os estudos, por exemplo. Eu estou sempre respirando fundo e seguindo em frente", afirmou, após dizer que começou a "tremer e chorar" quando foi convidada pela direção da Globo para ir à Copa do Catar após começar comentando o mundial feminino em 2019.
Ana Thais ainda relacionou a "sexualização da cobertura" às roupas usadas pela atriz Deborah Secco, que participa do programa "Tá na Copa", do SporTV.
"A Deborah é uma atriz e está a favor do entretenimento num programa esportivo. Eu adorei todos os looks, inclusive, poderíamos adotar para nós, jornalistas, alguns deles (risos). Acontece que a sociedade nos quer invisíveis em tudo, da nossa roupa à nossa opinião. O parâmetro são os homens. Eu li uma moça que escreveu: “A Ana Thaís sempre usou o uniforme masculino”. Mas será que esse deveria ser o parâmetro? A questão de sexualizar a cobertura não passa pela roupa que ninguém usa, mas pelos julgamentos que nós sofremos e pela carga que nos colocam. São os julgamentos que oprimem nossa liberdade. Viva Deborah!".