A apresentadora do Roda Viva, Vera Magalhães, voltou ao topo dos temas mais comentados do Twitter após constranger o sambista Martinho da Vila com pergunta sobre uma suposta relação das escolas de samba com milícias durante o programa transmitido na noite desta segunda-feira (16).
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Mostrando pouco conhecimento sobre a história do samba e principalmente sobre a biografia do cantor, compositor e um dos maiores estudiosos da cultura africana no Brasil, Vera foi insistente ao pedir uma posição desse "Martinho político, que faz essa análise política" sobre as escolas de samba - "que sempre tiveram uma ligação com o jogo do bicho" - "permeadas por milícias".
Visivelmente constrangido, Martinho sorri ao dizer que "o jogo do bicho foi inventado em Vila Isabel" e diz não ter "notícia da milícia dirigindo uma escola de samba".
Vera insiste, citando nominalmente uma suposta ligação de Adriano da Nóbrega, miliciano ligado ao clã Bolsonaro que foi morto em fevereiro de 2020, com a Vila Isabel.
Nas redes, a apresentadora ainda se gabou dizendo que "Martinho da Vila desconversou quando questionei sobre a infiltração mais recente das escolas de samba do Rio pelas milícias", tuitou. "Isso é um tema tabu que os sambistas têm de enfrentar", emendou.
O tuite foi rebatido pelo filho de Martinho, Tunico da Vila, que afirmou que o pai "não desconversou….ele só não quis conversar porque realmente é um assunto desnecessário e desrespeitoso com ele….só isso….nada demais".
Vera ainda rebateu, dizendo que "não vejo desrespeito algum" na própria pergunta.
"Mas com todo respeito a @veramagalhaes, respeite a historia de meu pai…porque ele simplesmente semeia no Brasil nossa Africanidade…ele não semeia ódia, milícias e assassinatos como de Marielle….ele é o MARTINHO DA VILA….OUVIU BEM? RESPEITE A HISTÓRIA DELE….RESPEITE", tuitou Tunico.
Críticas
A pergunta constrangedora e a insistência nas redes gerou uma enxurrada de críticas na publicação de Vera Magalhães.
A jornalista Mariana Belmont, da rede de jornalistas da periferia, destacou a "baita pergunta desnecessária" e explicou a Vera os motivos.
"A pergunta foi específica. Com nomes, pra enrolar e constranger o Martinho. Acho que tem uma história e contexto do samba carioca importante aí sacar antes de uma pergunta assim. Talvez eu seja uma péssima jornalista, mas jamais perguntaria isso para Martinho da Vila. É uma oportunidade luxuosa demais ouvir Martinho da Vila. E trazer uma pergunta desconexa dessa no meio de um mestre da história do samba é puxadissimo e desrespeitoso", escreveu.
Veja o vídeo da pergunta constragedora e mais repercussões