O Jornal Nacional, da TV Globo, exibiu nesta quinta-feira (8) documentos que mostram que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, fechou um contrato com um valor 1800% maior do que o recomendado pelos técnicos da pasta. Dias foi exonerado após denúncia de que teria pedido propina de 1 dólar por dose de vacina à empresa Davati Medical Supply em contrato.
"Documentos que a Globo teve acesso mostram que, na gestão de Roberto Dias, o departamento Logística aceitou pagar a uma empresa um valor 1800% maior que o recomendado no parecer técnico", disse a apresentadora Renata Vasconcellos na abertura da reportagem.
O telejornal revelou documentos referentes à empresa VTC Log em um serviço de recepção e organização de medicamentos. O contrato chegou a ser suspenso em 2019 em razão de divergências no valor a ser pago para a entidade privada.
Técnicos do Ministério da Saúde defendiam que o serviço deveria ser de R$ 1 milhão, enquanto a empresa defendia R$ 57 milhões. Roberto Dias aceitou que fosse pago R$ 57 milhões, 60% a menos do que a empresa pedia, mas 1800% a mais do que os técnicos defendiam.
O JN revelou um documento em que a consultoria jurídica do ministério aponta que o acerto poderia caracterizar sobrepreço. Uma rescisão chegou a ser sugerida para não manter um sobrepreço de R$ 17 milhões. O contrato prosseguiu e um aumento tem sido pedido pela empresa em 2021.
Segundo a reportagem, a CPI do Genocídio pretende se debruçar sobre esse contrato. Dias foi preso na quarta-feira após mentir em depoimento à comissão. Ele foi solto após pagar fiança de R$ 1,1 mil.