Juiz censura reportagem que mostra envolvimento de servidora da Saúde com garimpo ilegal

O portal Repórter Brasil colocou uma tarja preta em trecho censurado; a matéria segue na íntegra no Amazônia Real; confira

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A reportagem "‘Compro tudo’: ouro Yanomami é vendido livremente na rua do Ouro, em Boa Vista", do portal Repórter Brasil, amanheceu nesta segunda-feira (19) com uma tarja preta censurando seis parágrafos da matéria após decisão do juiz Air Marin Junior, do 2º Juizado Cível de Boa Vista (RR).

Segundo o portal, a retirada foi determinada sem decisão transitada em julgado e sem nenhuma audiência para ouvir a Repórter Brasil. O veículo considera a situação como censura e sustenta que fere a liberdade de imprensa, artigo 5º da Constituição. Além disso destaca que 'nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social' - artigo 220 da Constituição.

“A conduta da Repórter Brasil é perfeitamente lícita e implica o exercício regular do direito de informar. Por isso, não pode receber nenhuma reprimenda, seja a retirada de conteúdo do ar, seja o pagamento de indenização por supostos danos morais", afirmam os advogados André Ferreira e Eloísa Machado, do Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos (Cadhu), que representam o portal.

A reportagem faz parte da série Ouro do Sangue Yanomami produzida por Repórter Brasil e Amazônia Real. A série denuncia a aquisição ilegal de ouro extraído da Terra Indígena Yanomami. Um dos focos da matéria é expor a atuação de pequenas ‘joalherias’ localizadas na Rua do Ouro, em Boa Vista.

Conforme apontou a jornalista Ana Aranha em suas redes sociais, os repórteres flagraram uma funcionária pública negociando ouro de garimpo. "A mesma pessoa que leva vacina até os Yanomami. Os indígenas já tinham denunciado a troca de vacina por ouro, levaram ao MP e à CPI da Covid", afirmou Aranha.

A mulher flagrada pela reportagem entrou em uma dessas joalherias usando máscara com logotipo da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde. Ela teria perguntado se o joalheiro "comprava tudo" e levado um pacote. Segundo a reportagem, trata-se de Thatyana Almeida.

Apesar de a censura imposta ao Repórter Brasíl, trecho que narra o encontro com a funcionária do Ministério da Saúde segue na íntegra no Amazônia Real.

Confira aqui a reportagem CENSURADA no Repórter Brasil

Leia aqui a reportagem SEM CENSURA no Amazônia Real

https://twitter.com/anaranha/status/1417131695187369986