RedeTV! diz não concordar com Sikêra Jr, mas paga salário milionário ao apresentador

Para tentar fugir da responsabilidade, canal "lamenta" declaração lgbtfóbica e ignora a conduta reiterada do apresentador

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A RedeTV! afirmou em nota publicada nesta quarta-feira (30) que "reprova" a conduta do apresentador bolsonarista Sikêra Jr. de atacar a população LGBTQIAP+ no programa Alerta Nacional, mas não se comprometeu a retirar a atração discriminatória do ar.

"A emissora reprova veementemente todos os tipos de discriminação e preconceito. Nesse sentido, a RedeTV! vem a público manifestar condenação a qualquer expressão de homofobia", escreveu a emissora.

O canal classifica a declaração em que Sikêra chama a população LGBTQIAP+ de "raça desgraçada" como "lamentável", mas ignora o fato de esta frase ter sido dita em mais de uma oportunidade. "Tal comportamento não representa, de forma alguma, o posicionamento e o respeito da emissora à diversidade e população LGBTQIA+", afirma.

Além disso, a RedeTV! tentou passar pano para o apresentador, dizendo que ele "se desculpou".

Sikêra tem contrato até 2027 com o canal e recebe um salário mensal de R$ 500 mil - R$ 6 milhões anuais.

Após a atuação do movimento Sleeping Giants Brasil para derrubar os patrocínios do Alerta Nacional no Dia do Orgulho LGBTQIAP+, mais de 10 marcas já retiraram anúncios do programa. Segundo o Notícias da TV, são elas: MRV, TIM, Sorridents, Magazine Luiza, Casas Bahia, HapVida, Betsul, Seara, BMW Group, Caixa Econômica Federal, Delinea Corpus e Blindex.

O Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul (MPF) ajuizou na terça-feira (29), uma ação civil pública contra o bolsonarista e a emissora RedeTV por conta dos comentários homofóbicos.

“O réu fez afirmações de caráter discriminatório e de preconceito, inclusive incitando o uso de violência à população LGBTQIA+, relacionando indevidamente a orientação sexual e a identidade de gênero dos indivíduos com a prática de crimes relacionados à pedofilia, uso de drogas e de ofensas à família brasileira […] Dessa forma, resta demonstrado que o programa veiculado afrontou diversos princípios e regras constitucionais e convencionais, constituindo-se em conduta discriminatória e de preconceito, cabendo pois a presente ação judicial a fim de reparar o dano coletivo perpetrado pelas partes rés”, diz um trecho da ação, que é assinada pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão no Rio Grande do Sul, Enrico Rodrigues de Freitas, e pela advogada Alice Hertzog Resadori, da associação LGBTQIA+ Nuances – Grupo Pela Livre Expressão Sexual.

Com informações do Observatório da TV e o Notícias da TV