Uma imagem divulgada pelo G1, portal de notícias da Globo, com elementos usados em rituais do Candomblé atribuídos a um supostos "satanismo" na casa de Lázaro Barbosa, o matador que está sendo caçado pela polícia no Distrito Federal, revelou-se mais um caso de intolerância religiosa por parte da mídia liberal e da polícia.
Em uma sequência de tuítes, o jornalista Alan Rios divulgou um vídeo de um homem que se identifica como Pai André, que diz que as imagens são fruto de invasão de policiais ao terreirro de candomblé mantido por ele e não têm relação com o criminoso.
"A polícia veio, tirou foto, abriu a porta, bateu no meu caseiro, me desacatou com palavras que não gostei. Eu tive que dizer que tenho 80 anos e eles podiam me respeitar um pouco. Eles me mandaram calar a boca", diz o homem.
Pai André ainda revelou um boletim de ocorrência em que relata a agressão ao casiero, Antonio Jocelio de Souza, e diz que os policiais estiveram no local por duas vezes "agredindo fisicamente Antonio e quebrando objetivos de cunho religioso e perguntando pelo foragido 'Lázaro', que neste momento é procurado por toda a região".
Após repercussão da reportagem, que causou revolta entre associações de religiões de matriz africana, a Globo apagou as fotos e emitiu nota da redação em que diz que as imagens foram identificadas como sendo da casa de Lázaro pelo delegado Raphael Barboza.
"Ao ser publicada, esta reportagem divulgou imagens de objetos que, segundo o delegado Raphael Barboza, foram encontrados na casa de Lázaro Barbosa e que, segundo o policial, indicariam práticas de bruxaria e rituais. Com a reportagem no ar e destacada no portal e nas redes sociais, o G1 foi criticado sobre o conteúdo", diz a nota.
"A crítica principal é que, embora seja possível identificar nas imagens elementos de algumas religiões, não é possível associá-los a nenhuma crença ou culto, muito menos aos crimes cometidos por Lázaro. Após esse alerta, o G1 apagou os posts em suas redes sociais, tirou os destaques no portal e atualizou esta reportagem para modificar o título e o texto. Também ouviu lideranças religiosas sobre as afirmações do delegado e sobre as imagens divulgadas pela polícia", diz ainda o texto, com pedidos de desculpas "pelos erros no processo de publicação desta reportagem".