O deputado estadual Emidio de Souza (PT-SP) enviou, nesta quinta-feira (29), um requerimento de informações à Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, em que oficia a entidade a se pronunciar sobre quais providências irá tomar com relação à conduta do jornalista Diogo Mainardi com o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
Na edição do programa nesta quarta-feira (28), Mainardi se irritou com as críticas feitas por Kakay ao ex-juiz Sérgio Moro e passou boa parte da entrevista provocando o entrevistado. Em determinado momento, disse que não ouviria "as baboseiras" do advogado e chegou a o mandar "tomar no cu".
"Tal postura é um contraste à TV Cultura que historicamente consolidou uma imagem democrática, pela pluralidade de ideias e programas educativos", afirma Emidio.
No requerimento de informações, o deputado petista destaca que a TV Cultura é uma emissora pública e que, por isso, tem que agir contra este tipo de conduta e prestar esclarecimentos à sociedade. "A falta de civilidade do jornalista é incompatível com o que se deve ser apresentado em uma emissora pública", diz.
Emidio questiona as providências que a emissora tomará sobre o ocorrido e quais as orientações da Fundação Padre Anchieta em relação a programas realizados por terceiros, como é o caso do Manhattan Connection. Ele ainda pede a cópia de todo o processo que originou a contratação do programa.
O parlamentar também lembrou, no documento, que essa não foi a primeira vez que Mainardi atacou entrevistado. Ele citou a entrevista do Guilherme Boulos (PSOL), quando o jornalista insinuou que o líder do MTST ali estava para ganhar votos e o a participação do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que passou o programa inteiro sendo chamado como "poste".
Nota do Grupo Prerrogativas
O Prerrogativas, grupo composto por juristas, advogados e professores que discutem o mundo jurídico sob uma perspectiva progressista, divulgou uma nota, na noite desta quinta-feira (29), em que presta solidariedade a Kakay e condena os ataques feitos a ele pelo jornalista Diogo Mainardi.
“Atitude absolutamente incompatível com o mínimo de civilidade e decência que deve orientar o debate nos veículos de comunicação”. “Afrontas tresloucadas e acanalhadas como essa revelam-se inteiramente estranhas ao ambiente jornalístico profissional, assim como ao padrão de uma emissora educativa e informativa de índole pública”, diz o texto.
“A interação de Mainardi com o entrevistado foi exclusivamente pautada pelo discurso de ódio e pela desqualificação pessoal, desprovidos da mais tênue reflexão. Ao tempo em que Mainardi escalava em sua mal-intencionada performance, Kakay reagia com bom humor, elegância e vivacidade, buscando sempre a contraposição de ideias”, afirma ainda o grupo.
Confira, abaixo, a íntegra da nota.
Ao participar do programa Manhattan Connection, veiculado pela TV Cultura na noite dessa quarta (28/4), o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay) foi vítima de ataques desarrazoados, grosseiros e deselegantes do entrevistador Diogo Mainardi. Ao final da entrevista, à falta de argumentos, Mainardi culminou seu destempero com uma agressão chula contra Kakay, em atitude de profundo desrespeito ao convidado e aos telespectadores.
Tal postura de Mainardi é absolutamente incompatível com o mínimo de civilidade e decência que deve orientar o debate nos veículos de comunicação. Sequer as liberdades de expressão e de imprensa induzem tolerância com tamanha demonstração de insultuosa prepotência por parte do entrevistador. Afrontas tresloucadas e acanalhadas como essa revelam-se inteiramente estranhas ao ambiente jornalístico profissional, assim como ao padrão de uma emissora educativa e informativa de índole pública.
A interação de Mainardi com o entrevistado foi exclusivamente pautada pelo discurso de ódio e pela desqualificação pessoal, desprovidos da mais tênue reflexão. Ao tempo em que Mainardi escalava em sua mal-intencionada performance, Kakay reagia com bom humor, elegância e vivacidade, buscando sempre a contraposição de ideias.
Nós, juristas, advogados e professores do grupo Prerrogativas, nos solidarizamos a Kakay por ter sofrido essas provocações, hostilidades e ofensas inaceitáveis. E consideramos que o episódio deva produzir consequências suficientes a restaurar a credibilidade profissional e jornalística do programa Manhattan Connection e da TV Cultura, afetada gravemente por tal incidente.