O jornalista Claudio Lessa, editor da TV Câmara, gerou revolta entre colegas da emissora ao relacionar a morte de um colega por Covid-19 com a não adesão a um suposto tratamento precoce contra a doença. Entidades sindicais do Distrito Federal chegaram a publicar uma nota em repúdio ao comentário.
Segundo informações das jornalistas Lilian Tahan e Isadora Teixeira, do Metrópoles, Lessa perguntou se um funcionário vítima da Covid-19 “desprezou tratamento precoce” e disse que "diante da peste chinesa só morre quem quer".
A declaração gerou revolta. Ele, então disse que não quis parecer "insensível, muito pelo contrário” e seguiu defendendo o tratamento sem eficácia comprovada como cura milagrosa para uma doença que já matou mais de 350 mil brasileiros.
Nesta segunda-feira (12), 78 funcionários do setor de comunicação da Câmara dos Deputados enviaram uma nota à secretaria de comunicação da casa considerando como "desumana" a “mensagem desrespeitosa postada em um grupo de trabalho, atribuindo-lhe a culpa pela própria morte ao sugerir que ‘só morre quem quer".
O Sindicato dos Jornalistas do DF e o Sindicato dos Radialistas do DF publicaram uma nota no domingo condenando a postura. "Repudiamos qualquer tentativa de atribuir responsabilidade às vítimas por mais de 13 milhões de infectados e quase 350 mil mortos por Covid-19. A responsabilidade, todos sabemos, é de um governo sem liderança e que, ao dificultar as medidas restritivas e sanitárias, incentivar e gastar dinheiro com tratamentos inúteis investe em uma política genocida e transforma o Brasil, que já foi referência mundial em saúde, em ameaça global", afirma a mensagem.
Nas redes sociais, Lessa demonstra ter um discurso bastante alinhado com o presidente Jair Bolsonaro. Em vídeo, ele chama o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) de "Lulu Boca de Veludo".