Sleeping Giants cobra Folha, Globo e outros jornais por fake news publicitária

Veículos que formam o consórcio de imprensa para divulgação dos dados da pandemia publicaram anúncio de meia página de médicos pró-cloroquina, substância que não tem eficácia comprovada contra a Covid

Imagem: divulgação
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A página Sleeping Giants Brasil cobrou nesta terça-feira (23), através das redes sociais, os veículos Folha de S. Paulo, jornal O Globo, Jornal do Commercio, Estado de Minas, Correio Braziliense, O Povo e Zero Hora pela divulgação de uma fake news através de campanha publicitária em suas edições impressas.

Esses jornais publicaram anúncio de meia página de um manifesto feito por médicos que apoiam o uso de “tratamento precoce” para a Covid-19.

O anúncio é assinado pela Associação Médicos pela Vida, com sede em Recife (PE). A Associação tem Antonio Jordão de Oliveira Neto como presidente, um notório defensor da cloroquina entre outros medicamentos não aprovados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no combate ao coronavírus.

"1386 brasileiros morreram hoje de Covid-19 e os jornais @folha; @JornalOGlobo; @jc_pe; @em_com; @correio; @correio24horas; @opovoonline e @gzhdigital continuam em silêncio sobre a fake news reproduzida em seus espaços publicitários", escreveu o Sleeping Giants.

"NÃO EXISTE TRATAMENTO PRECOCE!", reforçou o grupo, em letras garrafais.

https://twitter.com/slpng_giants_pt/status/1364348838249701378

O Sleeping Giants foi um movimento que começou nos Estados Unidos, no qual consumidores alertam grandes empresas que seus anúncios estão financiando canais, perfis e sites que propagam fake news e discurso de ódio. Ao serem alertadas, as companhias podem, se não quiserem mais financiar esses movimentos, pedir às empresas de internet que não direcionem sua publicidade para esses perfis e sites. A versão brasileira do grupo já conseguiu derrubar inúmeros anúncios em páginas de notícias falsas.

Consórcio

A publicação do anúncio causa estranheza, pois tanto a Folha quanto O Globo fazem parte de um consórcio que reúne informações das secretarias estaduais de Saúde divulgadas diariamente até as 20h. De acordo com os próprios veículos, a iniciativa foi criada a partir de inconsistências nos dados apresentados pelo Ministério da Saúde.

Além da Folha e do Globo, fazem parte do consórcio o Extra e o G1, que são do Grupo Globo, o UOL, que é do grupo Folha e O Estado de S. Paulo.