Ex-diretor da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira, o Boni, afirmou em entrevista ao Roda Viva nesta segunda-feira (14) que há um temor em relação à cassação da emissora pelo presidente Jair Bolsonaro. O ex-capitão já sinalizou que não deve renovar a concessão em 2022, último ano de seu mandato.
Para Boni, no entanto, não seria possível cassar a Globo por causa de sua "penetração, respeito e serviço", mas admite que a questão preocupa. "Eu não acho possível cassar a TV Globo pela penetração que ela tem, pelo respeito, pelo serviço que ela prestou ao Brasil. Mas eu acho que essa espada de Dâmocles fica em cima da cabeça da Globo, mas seria uma coisa ao Brasil pior do que uma revolução", disse.
"Quem tentasse cassar a Globo estaria jogando para perder. O valor de entretenimento e informação, especialmente de informação para o público, é inestimável, e seria um desastre total punir alguém que é competente. Não se pode punir a competência, não se pode punir a verdade, então não se pode punir a TV Globo", continuou.
No início de seu comentário, Boni relembrou a cassação da TV Excelsior pela ditadura militar e disse que o fim da TV Tupi, em julho de 1980, também se deu por perseguição dos militares. A Globo, no entanto, foi diretamente beneficiada pela cassação da Tupi, já que passou a ser a principal beneficiada com verbas públicas e se tornou aliada estratégica do regime.
"Cassação de empresa de TV só aconteceu durante a ditadura. Aconteceu com a Excelsior e TV Tupi, embora a Tupi estivesse ligada também a um processo administrativo e processo de falência comercial", disse Boni.
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