A jornalista Ellen Ferreira foi demitida nesta quinta-feira (23) da Rede Amazônica Boa Vista, afiliada da TV Globo no estado de Roraima. O desligamento ocorreu depois que a profissional denunciou assédio e comportamento abusivo do diretor de jornalismo Edison Castro.
“Edison Castro é um psicopata que já havia passado pelas redações de Goiás, Maranhão e Tocantins. Homofóbico, racista, gordofóbico. Praticava assédio moral e sexual, deixou toda a equipe doente. Uma moça da TV Anhanguera [Goiás] chegou a tentar se matar por causa dele”, afirmou Ellen, para a coluna de Leo Dias, no site Metrópoles. “Debochava de um repórter que era gay. Chamou o cabelo de uma repórter negra de moita feia”, completou.
Segundo ela, vários profissionais sofreram os mais diversos tipos de assédio. A jornalista conta que chegou a desenvolver uma crise de ansiedade pelos ataques constantes que recebia. “Ele dizia que eu era repugnante, gorda, que me vestia mal. Me ameaçava de demissão constantemente. A fama dele era de o João de Deus da redação. Havia gente que desejava bater nele”, relatou.
Ellen contraiu coronavírus e estava afastada para se recuperar. A jornalista, que apresentou o Jornal Nacional em outubro do ano passado, esperava voltar ao trabalho nesta quinta. No entanto, quando chegou na sede da emissora, foi surpreendida com os papéis da sua demissão.
A direção alegou que o desligamento faz parte de um processo de reestruturação. Ellen acredita que é uma retaliação pelas denúncias. A profissional e outros colegas assediados montaram um dossiê, que foi enviado ao Sindicato dos Jornalistas de Roraima (Sinjoper).
A pressão causada pelos relatos levou Castro a ser demitido da Rede Amazônica em 29 de junho. Mesmo assim, Ellen acredita que a influência dele foi mantida e, por isso, acabou sendo demitida. Durante o período do assédio, sem contar com respaldo dos demais diretores da afiliada, a jornalista enviou um email sobre o caso para o diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, o que, segundo ela, contribuiu para o seu desligamento.