O jornalista James Bennet renunciou no domingo de seu emprego como editor da página de editoriais do The New York Times, dias após a seção de opinião do jornal, que ele supervisionou, ter publicado um texto de um senador dos Estados Unidos pedindo uma resposta militar aos protestos do #BlackLivesMatter que tem tomado as cidades americanas.
"Na semana passada, vimos um colapso significativo em nossos processos de edição, não o primeiro que experimentamos nos últimos anos", disse A. G. Sulzberger, editor, em uma nota à equipe no domingo, onde anunciava a saída de Bennet. Em entrevista, Sulzberger disse: "Nós dois concluímos que James não seria capaz de liderar a equipe na próxima etapa da mudança necessária". Em uma reunião virtual com todos os funcionários na sexta (5), Bennet pediu desculpas pelo texto, dizendo que não deveria ter sido publicado e que não havia sido editado com cuidado.
Uma nota de um editor publicada na própria sexta registrou imprecisões de fato e um tom "desnecessariamente severo". "O ensaio ficou aquém dos nossos padrões e não deveria ter sido publicado", dizia a nota.
O editorial de opinião, do senador Tom Cotton, republicano do Arkansas, tinha "Mandem as tropas" como manchete. "Uma coisa acima de tudo restabelecerá a ordem em nossas ruas: uma demonstração esmagadora de força para dispersar, deter e finalmente deter os infratores da lei", escreveu ele. A matéria, publicada na quarta, provocou a ira de leitores e jornalistas do Times.
Bennet se recusou a comentar.
Como numa reação em cadeia, na noite de sábado, Stan Wischnowski renunciou ao cargo de editor principal do The Philadelphia Inquirer dias depois de um artigo no jornal sobre os efeitos dos protestos na paisagem urbana exibir a manchete "Edifícios também importam". A manchete provocou um pedido de desculpas publicado no The Inquirer e uma reunião acalorada da equipe.