A ombudsman do jornal Folha de S.Paulo, Flavia Lima, criticou a reportagem do veículo que acusa o candidato Guilherme Boulos (PSOL) de ter "omitido" R$ 579 em declaração à Justiça Eleitoral. Em texto publicado neste domingo (25), Lima compara a matéria com "anúncios caça-clique" e diz que o jornal parece "subestimar a capacidade do leitor de avaliar informações".
Logo no início do texto, a ombudsman diz que anúncios "caça-clique" costumam frustrar o leitor com títulos que prometem uma "revelação muito atraente", mas que, ao longo do texto, percorre-se "um longo labirinto de frases até a frustração". Ela diz que, no caso da reportagem sobre Boulos, "não foi preciso atravessar um longo labirinto para alcançar a frustração".
“Confrontado, Boulos corrige patrimônio após omitir conta bancária em declaração de bens”, diz o título utilizado pela Folha. Para Flavia, a combinação dos verbos "confrontar" e "omitir" com a palavra "patrimônio" induz ao erro e "promete muito mais do que entrega".
Para Flavia, o jornal parece querer reforçar certo apartidarismo com a reportagem sobre Boulos, já que também tem publicado investigações contra Bruno Covas (PSDB) e Celso Russomanno (Republicanos). Ela afirma, no entanto, que isso não pode ser feito "vendendo-se gato por lebre".
"Além de desapontar em alguns desses aspectos, o jornal pareceu tratar o leitor como alguém com capacidade reduzida de avaliar as informações que lhe são entregues e para quem a mera sugestão de equivalência de tratamento entre os candidatos seria suficiente. É o leitor quem sugere que está na hora de amadurecer essa relação", finaliza.